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“Ainda não sabemos qual é o governo de Gladson”, diz Edvaldo Magalhães

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Ao analisar primeiro ano de Cameli no comando do governo do Estado, o deputado do PCdoB destaca os principais erros da gestão progressista. “O governo tem um time nomeado, que não se entrosa e está em permanente disputa”, argumentou.


 

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O hoje deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) até 2018 era uma espécie de vidraça nas gestões da Frente Popular. Ele respondia como diretor-presidente do Depasa e sua gestão sempre foi bastante criticada no ponto de vista político e até mesmo técnico, mas na virada de 2018 para 2019, se elegendo deputado estadual com 6.662 votos, acabaria, automaticamente, se tornando um dos principais porta-vozes da nova oposição que havia governado o Estado nos últimos 20 anos e consequentemente ele deixaria de ser vidraça para ser uma pedra…e que pedra!


Atualmente com 54 anos, 34 deles dedicados à militância política no Partido Comunista do Brasil, Edvaldo é um dos poucos parlamentares da Assembleia Legislativa do Acre  – pode até ser dizer o único -, a dominar como ninguém o regimento interno da casa, tanto que com uma visão singular sobre as regras do jogo minou várias vezes neste ano os trabalhos “ do rolo compressor” da base do governo.


O ac24horas convidou Magalhães para que ele opinasse sobre o primeiro ano da gestão de Cameli. Sempre solicito, o deputado pediu alguns dias para pensar já que cumpria uma série de visitas a vários municípios do interior. “É muita coisa para organizar”, brincou.


Questionado que de volta e meia o governador Gladson Cameli vocifera na imprensa que a sua gestão “já deu certo”, Magalhães pondera: “Uma frase de efeito que está em desencontro com a vida cotidiana. Ainda não sabemos qual é o governo de Gladson. Está por vir?”, indagou.


Presidente da Assembleia Legislativa em duas oportunidades durante o governo de Binho Marques, Magalhães considera que o governo de Cameli ainda não se compôs ao lembrar da Reforma Administrativa chancelada pelo atual governo aprovada no último mês de gestão do ex-governador Sebastião Viana com a diminuição excessiva de cargos comissionados a extinção de secretarias chaves.


“A primeira reforma caiu antes dos primeiros cem dias. De lá pra cá duas novas foram encaminhadas. Um ano e o governo ainda está batendo cabeça sobre seu melhor formato. 25% do tempo já foi. Com o excesso de reformas queimou o falso discurso do enxugamento da máquina e prioridade aos servidores de carreira. A maquininha de nomeações não parou de trabalhar. O governo tem o direito de definir seu melhor desenho e arranjo administrativo, sempre defendi isso. Mas ele [Gladson] está dando voltas e não define um formato”, frisou Magalhães.


Sobre os últimos acontecimentos envolvendo supostos desentendimentos no primeiro escalão do governo de Gladson, até mesmo com a possível saída do secretário da Casa Civil, Ribamar Trindade, Edvaldo é categórico: “É público que não há uma equipe de governo afinada com um programa e liderada por um núcleo político unificado. O governo tem um time nomeado, que não se entrosa e está em permanente disputa. O fatiamento levou a dispersão. O que os unificava até a vitória eleitoral era o “fora PT”. Depois não botaram nada no lugar. Prevalece, portanto, a disputa por espaços de poder e quem influencia mais os rumos do governo. O ambiente respira disputa mesquinha. Isso está atrapalhando a gestão. PSDB, MDB, PP e PSD têm planos diferenciados. Constroem 2020 com o olhar espichado para 2022. A conta não fecha. Não há vagas suficientes para tantos desejos. Isso explica as escaramuças públicas. No bastidor virou luta fratricida”, argumentou.


Magalhães ressalta ainda que em um ano a assembleia não recebeu o prometido conjunto de propostas que remodelaria a nova política de produção. “O anunciado e milagroso programa de fomento ao agronegócio não saiu do pendrive do Paulo Wadt. Ao ser exonerado levou consigo. Permanece o vazio”, destacou.



O deputado comunista ainda lembro os episódios dos vetos. Em setembro deste ano, por 20 votos a favor e nenhum contra, em sessão histórica, que durou cerca de sete horas, os deputados derrubaram todos os oito vetos do governador Gladson Cameli (Progressistas) a projetos apreciados, votados e aprovados pelo plenário do Poder Legislativo. O mais emblemático deles foi o que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias que afeta diretamente os repasses constitucionais aos Poderes, Ministério Público, TCE e Defensoria Pública. Na época, para governistas e oposicionistas, o governo não deixou alternativas à assembleia que ficaria desmoralizada se não derrubasse os vetos. Logo em seguida, os vetos foram promulgados pelo presidente Nicolau Junior e consequentemente uma crise foi instalada, principalmente com a decisão do governador Gladson Cameli de mandar exonerar mais de 340 cargos comissionados ligados aos deputados da base e até mesmo com a judicialização da LDO que tramita no Tribunal de Justiça.


“O episódio dos vetos marcou um novo tento na relação política. Os falcões venceram a disputa interna no entorno do governador. Foi um espetáculo de horrores. A chantagem política foi publicada no Diário Oficial. Revelou-se as entranhas dos acordos familiares da base. Numa inédita forma de disciplinar. Ganhou no voto, perdeu o encanto. Ficaram mágoas e ressentimentos que já começaram a dar sinais de vida. O rolo compressor virou rotina e a disputa saiu do terreno da racionalidade política para adentrar os corredores dos tribunais. Perdeu a mediação política, venceu a intolerância. Para um primeiro ano de governo é um mau sinal”, explicou.


Outro momento lembrado por Magalhães foi sobre a Reforma da Previdência aprovada na Assembleia. “A Reforma da Previdência foi reveladora dos métodos novos adotados. Se grevar, justiça. Se manifestar, polícia. Rasgou-se o véu. O governador simpático que descia as escadarias do palácio para ouvir os manifestantes foi substituído pela grades e forças de segurança. Mais uma vitória dos falcões. Isolaram o governador do conjunto dos servidores e ativistas que mais o apoiaram. A gritaria é geral”, frisou.

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Magalhães ainda lembra o discurso dos opositores aos governos da Frente Popular de que o Estado estava inviabilizado por causa de empréstimos, sendo que a gestão de Gladson em menos de 365 dias, já teve aprovado na Aleac quatro operação de créditos. “Caiu por terra o falso discurso de que o Acre estava inviabilizado devido empréstimo feitos. Os três novos pedidos apresentados pelo governo, aprovados com meu voto, é a demonstração clara que o discurso da campanha não batia com a verdade dos fatos. Quem está quebrado não tem capacidade de endividamento. O plenário silencia quando esse debate surge. Temos convicção de que o investimento público é mola essencial para alavancar a economia. Por isso o voto favorável sempre. Antes e agora”, ratificou.


O parlamentar enfatiza ainda a “desastrosa tentativa de fazer um experimento” na gestão da Saúde. “A vinda da junta militar [Mônicas Feres e seus coronéis] atrasou em um ano qualquer possibilidade de consolidar uma equipe para enfrentar os graves problemas do setor. De lambuja destruiu o discurso de valorização da prata da casa. Dinheiro tem, falta gestão”, lembrou o comunista.


Sobre segurança pública, Edvaldo é menos ácido do que o comum e ressalta o trabalho que vem sendo feito pela cúpula de segurança. “É perceptível o esforço que o governo está fazendo na área da segurança. Não vou cobrar resultados imediatos pela simples convicção de que o problema é complexo. O crime mudou de patamar e o país não se modernizou para combatê-lo à altura. Humildade nessas horas ajuda. A sensação de segurança não será alcançada por decreto ou declarações bem-intencionadas”, ponderou.


O discurso de equilíbrio fiscal do atual governo, segundo Edvaldo, não condiz com as movimentações internas de não colocar dinheiro para circular, principalmente na construção civil com as grandes obras que geram emprego e renda. “Há um esforço para buscar o equilíbrio fiscal, sonho de todo governante. Todo início de governo e principalmente início de ciclo, é sempre mais possível alcançar resultados. Se o pisar no freio dos gastos é prudência necessária para sair do atoleiro do déficit, não se pode relaxar na execução dos programas que possuem dinheiro carimbado. Segurar a fonte 100 foi fundamental para honrar as contas. Não executar a fonte 400 e 500 tem sido a pá de cal para o setor da construção civil e toda a cadeia produtiva. Há uma baixa capacidade de execução. Esvaziaram as equipes técnicas de forma abrupta. Não botaram no lugar algo minimamente razoável. Estão batendo cabeça”, pontuou.


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