Óbvio que a Frente Popular do Acre brigava muito. As divergências existentes entre as várias correntes eram, e ainda são, abissais. Nas plenárias saia faísca pra tudo quanto é lado.
Quem é do meio da política sabe que, internamente, o PT destrata o PCdoB. E a DR (Democracia Radical), se pudesse, furaria os olhos de todos os membros da corrente Articulação.
Entre as 4 paredes da alcova, em alguns eventos, o ambiente poderia ser equiparado a “inferninho” de oitava categoria. Todavia, em público, o comportamento e a harmonia deles equivalia a um convento de freiras carmelitanas. Isso é errado? Lógico que não.
Nada próspera onde reina a balbúrdia e a indisciplina. Em política, as aparências têm de ser mantidas. Se há problemas, estes devem ser exaustivamente discutidos e as deliberações da maioria cumpridas. A isso os gregos chamavam de democracia.
Qual a impressão causada ao eleitorado por um agrupamento político que por, quaisquer motivos, começa a jogar as panelas pela janela?
Evidente que o PT e seus parceiros erraram gravemente ao tentar impor suas regras internas para o povo. Não é exagero dizer que o ideário companheiro previa, inclusive, o controle absoluto do pensamento e da informação e por essa razão, acertadamente, carregam estampado na testa a fama de censores e perseguidores.
Muitos dos que atualmente compõe o governo de Gladson Cameli, provaram do chicote petista e ficaram “pianinhos” diante do cabedal de absurdos e desmandos.
A frente popular só expôs suas vísceras quando o barco estava afundando. Quando o fim estava decretado.
A disciplina e a obediência às ordens de comando, sem dúvidas, foram os principais ingredientes que os fizeram passar 20 anos mandando e desmandando no Acre.
O inusitado e patético é que muitos daqueles que passaram anos e anos com a venda no olhos e a mordaça na boca, contribuindo com sua subserviência para que o Acre chegasse aos limites intoleráveis que chegou, cobram do governador Gladson Cameli soluções de problemas que se acumularam ao longo de duas décadas.
Todos nós sabemos que o Estado passa por graves problemas de segurança. Quem falar isso não pode se apresentar como o inventor da roda.
Aliás, pejorativamente se pode dizer que só não temos problemas de “falta de ar”.
Agora querer, ainda que isso fosse o desejável, que a situação esteja um mar de rosas em razão de soluções tomadas menos de um ano de governo é subestimar a inteligência alheia e também que o povo esqueça que estes curaram sua miopia.
A população, saturada pela má qualidade dos serviços públicos há muitos anos , tem o direito – aliás, tem o dever-, de demonstrar sua insatisfação, sendo que maioria destes deveriam ter sido resolvidos ontem. Ninguém aguenta esperar, mas infelizmente a distância entre a vontade e a necessidade é longa.
Diante disso, alguns pensando apenas nos resultados eleitorais, deitam e rolam nessa fragilidade do governo.
Na vida real não há varinhas de condão. O Acre passa por apertos e escassez avalizados, inclusive, pelos salvadores da pátria. Não se pode confundir liberdade de expressão e democracia com oportunismo político.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.
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