Uma noite de muita emoção, memórias e histórias é o que se pode esperar desta quinta-feira (05) quando acontece o evento de entrega do Prêmio Jorge Said de Comunicação, realizado pela Prefeitura de Rio Branco e que vai premiar as melhores reportagens de TV, Rádio e Web sobre as políticas públicas municipais.
Criado na gestão da prefeita Socorro Neri, além de homenagear o jornalista que dá o nome ao prêmio, o objetivo é reconhecer e valorizar o trabalho da imprensa local, conforme explicou a diretora de comunicação, Socorro Camelo, que convidou para participar do evento o repórter, Francisco José.
Com 44 anos de reportagens na Rede Globo de Televisão, ele desembarcou em Rio Branco na madrugada desta quinta-feira (05) trazendo muita bagagem para compartilhar.
“A ideia é contar histórias. Eu envelheci fazendo reportagens e sempre com superação. Vou mostrar as dificuldades que a gente tem para fazer uma reportagem. Na maioria das vezes parece impossível, como por exemplo ir ao topo das montanhas na África ou procurar os maiores tubarões do planeta sabendo que eles podem te atacar e eu consegui filmar dentro da boca de um tubarão de 4 metros que é o que mata na minha cidade [Recife]. Mas eu desmistifico essa história do tubarão porque ele não é um vilão, não é um matador. Ser humano não é comida de tubarão. Ele é atraído por peixes. Nas Bahamas, para filmarmos os grandes tubarões, jogaram mais de 300 quilos de peixe na água para eles virem.”, disse dando uma prévia do que será sua palestra durante o evento, no restaurante La Nonna.
Renomado por suas reportagens especiais, Francisco José, que já esteve a trabalho nos cinco continentes da Terra, vai falar também sobre os desafios que superou sendo repórter do interior do Nordeste brasileiro, como por exemplo abrir mão do seu sotaque.
“É a mesma dificuldade que existe aqui no Acre, ao mesmo tempo eu tive um exemplo para conquistar espaço. Tem um acreano que, para mim, foi o maior jornalista de todos os tempos: Armando Nogueira. Foi quem me levou para a Globo, me ensinou, que cobrou, me deu oportunidades todas.”. lembrou.
Chico José, como é chamado informalmente e como assina seus perfis nas redes sociais, irá exibir um vídeo sobre superação. Nesta sexta-feira (06) irá ao ar com uma matéria especial sobre a Serra do Roncador, localizada no interior do Mato Grosso. Será seu 102º Globo Repórter.
“É como se eu tivesse feito sozinho três anos de programa. O que eu quero dizer com isso é que, apesar das dificuldades não podemos nos acomodar. Quem tem talento basta desenvolver para vencer e isso todos tem. Além disso, é preciso ter responsabilidade. Se eu não encarasse com seriedade e pudesse voltar aos lugares onde já fui fazendo reportagens, eu não teria como sobreviver tanto tempo no ar. Seria desacreditado.”, destacou.
Sendo um repórter que atravessou gerações, acompanhou o avanços das tecnologias e as transformações nas ferramentas do jornalismo, Francisco José traça um paralelo entre as tecnologias disponíveis antes e as de atualmente.
“Na primeira eleição, no período da democratização quando veio a Constituinte, a Globo instalou uma repetidora no interior do sertão de Pernambuco para eu conseguir gerar minhas matérias. Hoje a gente faz reportagem com o celular. Manda tudo, recebe também das pessoas. Eu sou de um tempo em que se fazia jornalismo investigativo sem computador, sem telefone celular.”, lembrou.
Neste contexto, Francisco José relata o que considerava desafio nos tempos em que começou. “O repórter tinha que botar a cara e no Nordeste, uma terra sem lei que é até hoje. Mas na época era todo mundo armado, tiroteio nas cidades, família destruindo família. Na cidade de Exu [interior de Pernambuco] foram mais de 50 mortos entre duas famílias. Era uma verdadeira guerra. Tinha pistoleiros e a gente tinha que denunciar isso e mostrar sem ‘disque denúncia’, sem nada. Era metendo a cara na época em que era difícil também trabalhar com os equipamentos que nós tínhamos.”, ressaltou.
Nos tempos atuais, com o apogeu das redes sociais, Francisco José pondera que há mais possibilidades de acesso da sociedade às informações e destaca a importância da TV nesta conjuntura. “Esse caso da favela de São Paulo [Paraisópolis], por exemplo, não tem nenhuma imagem feita pela Globo. São todas imagens da comunidade e isso contribui muito. Então é o imediatismo e as emissoras tem que aproveitar que ainda há credibilidade para ee adaptar a isso porque a rede social dá uma notícia e não se sabe se é Fake News ou se é verdadeira. Quando aparece nas televisões é que se tem a comprovação de que aconteceu de fato.”, ponderou.
Francisco José concorda que as redes sociais proporcionam a democratização da comunicação e impõem uma nova dinâmica. “O maior incentivo é que essa é a melhor geração de todos os tempos. Os jovens que estão surgindo são melhores que os jovens da minha época e a televisão está fazendo uma renovação total. Há uma renovação geral. Os veículos de comunicação precisam acompanhar a dinâmica das redes sociais e estão fazendo isso.”, concluiu.
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