O melhor adubo para o florescimento da vigarice política é a desinformação do povo. Trocando em miúdos: como parcela significativa da população não tem informação e conhecimento necessários para avaliar o desempenho do mandato de um parlamentar ou as ações de um governante. Este exército de desinformados é presa fácil para compor o bloco da “Maria vai com as outras”.
Basta jogar uma isca apetitosa que o cardume fisga voluntariamente o anzol. Se a manchete da notícia for atrativa, poucos são os que terão o cuidado de apurar se isso não passa de factoide ou de uma reportagem encomendada.
As fileiras desse batalhão estão ainda mais longas com a popularização das redes sociais. Ludibriar ficou muito mais fácil e mais barato, posto que a maioria deles evita até de pagar um bom jornalista para, ao menos, evitar o assassinato da língua portuguesa.
Basta ver as cenas das sessões do Congresso Nacional, nas quais aparecem dezenas de deputados e senadores fazendo suas “lives” simulando que estão, de fato, produzindo algo a favor do povo.
Outro aperitivo são os anúncios de liberação de recursos e apoio a temas de apelo popular.
Quando o tema é bom, todos põe a cara na vitrine.
Quando o tema é impopular, embora necessário, os distintos fogem dele como o diabo foge da cruz.
A bancada do Acre tem uma particularidade: ela nunca propõe nada. Apenas apoia ideias alheias.
De que tanto reclamam os prefeitos do Acre, se todos os dias nossos valentes parlamentares passam 24 horas nos ministérios liberando dinheiro para tudo que é finalidade?
Um destes está mentindo: ou o prefeito chorão ou o parlamentar falastrão.
O que o exército de incautos talvez não saiba é que a maioria das verbas fica apenas estocada nas páginas do Facebook e nunca chega aos cofres dos municípios.
Alocar dotação orçamentária é fácil. Empenhar os recursos e liberar a verba são outros 500.
Ainda que se considerem politizados e senhores da acusação, da sentença e da absolvição, o bando é incapaz de fuçar os Portais de Transparência para checar se as postagens são baseadas em fatos verdadeiros ou não.
E o mais grave: compartilham mentiras sem nenhum peso de consciência.
A massa de pensamento crítico encolheu na mesma proporção esticou a fila dos analfabetos funcionais, que soletram palavras, mas são incapazes de interpretar o conteúdo do parágrafo de um texto.
Um rápido passeio pelas prestações de contas das verbas indenizatórias dos briosos parlamentares já seria um bom exercício para se descobrir o quanto custa-lhes fingir que trabalham.
Luiz Calixto escreve todas às quartas-feiras no ac24horas.
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