Um grupo de jovens, moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes nos municípios de Rio Branco, Xapuri, Brasiléia e Assis Brasil, está iniciando um movimento para ocupar os espaços de discussão sobre o atual momento que envolve as ações e polêmicas relacionadas à unidade de conservação.
Entre os dias 25 de outubro e 2 de novembro deste ano, eles estiveram reunidos na pousada ecológica do Seringal Cachoeira, em Xapuri, participando do segundo e terceiro módulos do programa “Protagonismo Jovem da Reserva Extrativista Chico Mendes”, uma iniciativa do Conselho Nacional das Populações Extrativista (CNS), Comitê Chico Mendes e WWF Brasil.
Ronaira Barros, uma das participantes do grupo, diz que o objetivo do programa é formar novas lideranças que possam ocupar os espaços de discussão e fazer o enfrentando dos discursos ameaçadores dos governos federal e estadual que, segundo ela, tendem a colocar em risco tanto a integridade física da Resex Chico Mendes quanto o próprio legado do líder sindical, que tem sido esquecido até mesmo por companheiros que nos anos de 1980 lutaram ao lado dele em defesa desses territórios.
“Nós jovens, filhas e filhos de seringueiros não devemos ter vergonha em dizer que moramos no seringal ou que somos seringueiros, pois foi com essa luta que obtivemos muitas conquistas e que muito sangue foi derramado”, afirmou Ronaira, se referindo a uma crise de identidade que afetaria os jovens de origem extrativista na atualidade.
Como resultado do encontro, os jovens elaboraram uma carta de repúdio “a todo e qualquer ato que possa colocar em risco o território da Reserva Extrativista Chico Mendes e manifestando total apoio as ações do ICMBio que vem sendo atacado veementemente por suas ações de combate aos invasores da referida unidade de conservação”.
O grupo também repudia o posicionamento de parlamentares acreanos, como a deputada federal Mara Rocha (PSDB) e os senadores Sérgio Petecão (PSD) e Márcio Bittar (MDB), que prometem propor mudanças na legislação em vigor para o que eles chamam de flexibilização dos limites da Reserva Extrativista Chico Mendes, excluindo da área da unidade de conservação seringais onde os moradores ou ocupantes não praticam mais o extrativismo, mas a pecuária e a agricultura familiar, não se enquadrando mais, essas posses, no perfil de uma Resex.
Leia também: Mara Rocha e Márcio Bittar apresentarão PL para flexibilizar os limites da Reserva Chico Mendes
Outro participante do grupo “Jovens Protagonistas da Resex Chico Mendes” é Jurivan Bezerra Rios, um dos criadores do movimento e coordenador do programa que vem sendo desenvolvido, segundo ele, antes mesmo das atuais polêmicas ganharem destaque na imprensa estadual. Para ele, a intenção de parlamentares acreanos de abrir espaço para uma possível redução da área da Resex representa um grande risco para o futuro da unidade de conservação.
“Isso vai abrir um precedente perigoso, pois quando ocorrer essa redução da reserva pretendida por eles, novas áreas surgirão com a mesma demanda. Outras pessoas irão desmatar as suas colocações e, igualmente, recorram a essa estratégia de flexibilização da reserva extrativista. O que se pretende claramente é adequar a reserva aos interesses particulares e não o contrário”, ressaltou.
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