O sapo

Ôh Antonico, vou lhe pedir um favor que só depende da sua boa vontade. É necessário uma viração pro Nestor, que está vivendo em grande dificuldade. Ele está mesmo dançando na corda bamba. Ele é aquele que, na escola de samba, toca cuíca, toca surdo e tamborim. Faça por ele como se fosse por mim. (Ismael Silva)
Ele teve seus minutos de fama no final dos anos oitenta. Foi notícia na Folha de São Paulo, escrita pelo correspondente Tião Maia, porque quebrou o recorde de detenções nas delegacias de Rio Branco. Atingiu a casa das centenas. Mas creio que nunca reivindicaram sua inscrição no Guinness Book.
Era avesso a violência. Nunca usou armas. O Natal Chaves conta que, por causa de um defeito nas pernas, era frequentemente pego por suas vítimas e conduzido pela polícia. Fuçando pelas redes sociais, a gente encontra depoimentos hilários sobre o Sapo.
Também foi o Tião quem me contou uma vez sobre os dotes musicais no moço: andava pelos corredores da Rádio Novo Andirá na esperança de se tornar cantor. Sua música predileta era ‘Coração de Luto’, do Teixeirinha.
Nasceu Roberto Nogueira e ganhou o aposto ‘vulgo Sapo’ no noticiário policial, por ter cruzado a linha tênue que limitava suas estripulias adolescentes. Regenerado, ganhou do prefeito Aragão, uma cadeira de engraxate e um ponto na entrada do paço municipal. A promessa teria sido de um emprego público, mas se contentou. Ficou ali por uns vinte e poucos anos até que o prefeito Angelim pôs o prédio em reforma, em 2011.
Vez por outra trombávamos no seu local de trabalho. Eu, quase sempre apressado, prometia a qualquer hora dar um brilho nos sapatos. Tratante, não parei mais que meia dúzia de vezes naqueles anos todos. Numa espécie de bullying recíproco, ele me chamava de ‘Meio-quilo’ e eu o tratava por ‘Batráquio’.
Bem humorado, contrastava o olhar sombrio e o jeito aparentemente soturno e arredio com suas brincadeiras sem maldade.
Por alguns anos não vi mais o Sapo depois que perdeu o ponto de trabalho no Centro. Graças ao Facebook, onde publiquei uma nota faz algum tempo, recebia uma ou outra notícia desencontrada. Sabia que ele se recolheu a uma propriedade da família, para os lados do Bujari, e que andou doente do diabetes.
Recentemente o reencontrei no saguão do Palácio das Secretarias, exatamente onde trabalho agora. Estava um sujeito triste, numa cadeira de rodas, com um pedido de ajuda pendurado no peito e uma das pernas amputada. Como um amigo antigo, ele me reconheceu de pronto. Contou um pouco de sua desventura e reclamou do peso da cadeira. Que sonha em ter uma daquelas com motor elétrico.
*Propositalmente, usei uma foto antiga para ilustrar este texto.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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