Cortes de atendimentos, falta de medicamentos e insumos hospitalares, falta de exames laboratoriais e perseguições a servidores. Tudo isso, segundo um abaixo assinado, vem acontecendo no hospital Sansão Gomes, no município de Tarauacá.
Segundo o documento, que tem como destinatário o governador Gladson Cameli, os problemas se agravaram a partir da nomeação de Laura Elisa Pontes Soares como gerente geral da unidade de saúde e também do gerente administrativo Francisco Assis Souza Sampaio.
De acordo com a denúncia, a nova direção teria cortado os atendimentos de fisioterapia, psicologia e fonoaudiologia. Os pacientes que não estão internados que chegam com essas necessidades de atendimento são orientados a procurar os postos de saúde, que segundo o documento, a prefeitura não tem esse tipo de profissionais contratado.
Outra denúncia é em relação a falta de medicamentos. A direção alega que é o problema é grana por parte da Secretaria Estadual de Saúde.
Mais uma denúncia relatada no abaixo assinado e essa ainda mais séria é em relação aos exames laboratoriais que estão sendo reduzidos. A direção alega que a redução acontece porque diminuíram o repasse de material, a denúncia afirma que é para beneficiar um laboratório particular da cidade que seria de propriedade do esposo da diretora geral. O curioso é que o esposo de Laura Elisa, Deive Jerônimo Saraiva, proprietário do laboratório particular é também é o chefe da seção de laboratório do Hospital Sansão Gomes, conforme portaria de maio deste ano.
Há ainda a queixa de perseguição por parte da direção do hospital tirando servidores que de setor que trabalham há décadas no mesmo local.
A situação parece ser ruim em todos os aspectos na unidade de saúde. Os servidores terceirizados estão há três meses sem receber seus salários. São nove funcionários que cuidam da limpeza, o que em um hospital é algo de extrema necessidade para evitar o risco de infecções.
O outro lado
O ac24horas conversou com a gerente geral do Hospital Sansão Gomes que respondeu aos questionamentos.
Em relação ao atendimento de fisioterapia, fonoaudiologia e psicologia, confirma o corte, mas diz que o hospital não pode ser cobrado, já que não é sua obrigação prestar esses serviços. ” Esses profissionais foram contratados com o atendimento fim de prestar serviços aos pacientes que se encontram dentro das nossas dependências, esses profissionais, assim como os demais devem prestar atendimento hospitalar como o previsto na legislação do Sistema Único de Saúde – SUS. O atendimento ambulatorial devia estar sendo prestado pelo NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da Família, estes deveriam estar implantados na saúde municipal. Tarauacá não possui nenhum implantado. A cobrança da responsabilidade com esses especialistas não deveria estar sendo cobrada do hospital e sim da saúde municipal, porque somos cobrados pelo que não é de nossa alçada?”, diz Laura.
No tocante aos remédios, a gerente confirma a falta ocasional de algumas medicações. “A cerca da medicação, temos toda a medicação hospitalar disponível, no entanto volta e meia, falta alguns itens que são prontamente solicitados a nossa central e dentro das possibilidades são devidamente repostos”.
Laura também confirma a diminuição na oferta de exames laboratoriais. “Sobre a questão dos exames, temos sim que assumir que o quantitativo de exames ofertados foi mesmo reduzido, a causa está, a priori, relacionada a redução do quantitativo de insumos laboratoriais impostos pela rede de abastecimentos. A demanda vem dos postos municipais”. Queremos ainda deixar claro que nossa função, enquanto atendimento laboratorial é atender a internados e que o município há muito tempo alcançou sua capacidade per capita para ter um laboratório próprio municipal para atendimento da demanda dos postos com exames básicos.
E em relação a perseguições, Laura Elisa confirma o remanejamento de servidores, mas nega perseguição. “Se houve remanejamento foi para o bom atendimento ao público. Queremos esclarecer que ao entrarmos na gerência, encontramos situações que mereciam mudanças, desde abusos no atendimento, servidores que se encontravam a “décadas” em setores e não cumpria a devida carga horária, setores em que itens, bens públicos, insumos sumiam, para tal foi necessário remanejamentos e atitudes que de fato pudesse mudar as situações. Queremos ainda ressaltar que quantas outras mudanças que tiverem que ocorrer serão feitas se assim forem necessárias para a devida prestação de um bom serviço público”.
Laura Elisa finaliza afirmando que quem deixa de fazer sua parte na saúde pública de Tarauacá é o município. “Entendemos que é necessário o devido conhecimento sobre o que a legislação de fato responsabiliza os atos. O Hospital Dr. Sansão Gomes é um hospital de Urgência e Emergência e não nos cabe assumir o papel da Atenção Básica (saúde municipal). Torna-se muito fácil culpar o hospital por responsabilidades que não são nossas, essas são demandas que nossos ilustres vereadores deviam assumir junto a gestão municipal, no sentido de melhorar a cada dia os serviços ofertados pelo município”.