A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) anunciou nesta quarta-feira (23) a descoberta de três pragas da mandioca no Acre.
Estudos taxonômicos com percevejos-de-renda, coletados em cultivos de mandioca do Acre, confirmaram o primeiro registro oficial das espécies Vatiga manihotae e Vatiga illudens para o Estado, e Gargaphia opima para o Brasil, associadas à cultura.
Encontrados em roçados da Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda, município de Feijó, esses insetos-pragas atacam as folhas da planta e, em altas populações, podem causar perdas na produção. Publicados no periódico EntomoBrasilis, os resultados contribuem para o aumento do conhecimento sobre a distribuição geográfica dessas espécies no País.
A descoberta é fruto de pesquisas de prospecção de insetos, realizadas com o objetivo de identificar as principais pragas da agricultura indígena e orientar alternativas de controle, por meio do projeto “Etnoconhecimento e Agrobiodiversidade entre os Kaxinawá de Nova Olinda – Fase II”, executado pela Embrapa Acre (Rio Branco) e instituições parceiras, entre 2015 e 2018. Nativo das Américas, o gênero Gargaphia é encontrado na Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, com espécies associadas a culturas de importância econômica como maracujá, feijão-de-porco e quiabo. Até então, apenas a Gargaphia lunulata (Mayr) havia sido registrada no Brasil, relacionada à mandioca.
A hipótese dos pesquisadores é que a espécie Gargaphia opima Drake tenha migrado de países vizinhos, em função da proximidade do Acre com as fronteiras boliviana e peruana.
O primeiro registro científico da nova espécie de percevejo-de-renda no Brasil permitirá atualizar a lista oficial de insetos-pragas associados à cultura da mandioca, atribuição de responsabilidade do Ministério da Agricultura.