Fui provocado, por um amigo que milita na política local há muito mais tempo que eu, a escrever sobre os MDBs do Acre: “que tal, Roberto, tu escreveres sobre os 3 MDBs?”.
Me veio logo à cabeça sobre o que ele queria dizer. Afinal, a representação parlamentar atual do partido é composta por dois deputados eleitos pela região de Rio Branco, duas deputadas pelo Juruá e uma deputada e um senador bastante ligados a Sena Madureira. Mas seria isso que passa ao público uma ideia de fragmentação?
Olho o MDB do Acre a partir da mesa azul que reúne periodicamente a Comissão Executiva estadual, da qual faço parte, e isso é um privilégio para entender a dinâmica das diversas forças políticas. Acompanho o partido desde que cheguei ao Estado, participando dos governos de Nabor, Flaviano e Cadaxo. Me filiei a ele faz 27 anos e pertenço ao Diretório estadual há 17.
Para entender o MDB do Acre é necessário entender o que foi o MDB. O antigo MDB do bipartidarismo, que reuniu no mesmo balaio todas as forças de oposição à ditadura imposta pelos militares em 1964. Se no Acre a base que formou o partido tinha origem no PTB de Vargas, em São Paulo ela era do PSD, antagonista da UDN de Jânio Quadros. No Acre da época, PSD e PTB viviam às turras.
Passados os anos de chumbo e permitida a reorganização dos partidos, o MDB virou, forçosamente, o PMDB e os grupos internos, por identidade ideológica ou oportunidade política, se emanciparam formando os PTB, PDT, PCB, PSB…, até a cisão paulista que gerou o PSDB. Ficaram os históricos, os caciques e os militantes tradicionais. Mas também ficou uma estrutura organizacional formal que dá segurança interna, com diretórios permanentes e comissões executivas eleitas e, principalmente, a prática democrática em conviver grupos tão ideologicamente divergentes.
Olhando para a representação nos Estados também é difícil reconhecer que o MDB gaúcho de Pedro Simon, Sartori ou Ibsen Pinheiro é o mesmo do paranaense do Requião, ou do paulista de Temer, ou o de Renan, o de Jarbas Vasconcelos, do Jader Barbalho, do Picciani ou mesmo o de Brasília, do novato Ibaneis. Seriam assim 27 MDBs?
A conjugação do respeito às diferenças internas com a segurança de uma estrutura estável blinda os grupos regionais do partido contra a interferência de lideranças nacionais de maior peso. Da mesma forma, localmente, o partido não determina nem caça a palavra de seus representantes eleitos. Isso permite que manifestem opiniões abertamente e respeitem sua relação direta com o eleitor.
Ao saírem, e se estruturarem como outros partidos, os grupos que detinham as bandeiras socialista, trabalhista, social-democrata, ambientalista, liberal etc, restou, no MDB, lideranças com forte apego a questões locais, imediatas, municipalistas. Talvez o termo ‘pragmático’ defina muitos dos emedebistas mais tradicionais. Esse viés explica a enorme capilaridade da legenda no interior do país, nas cidades menores, os rincões.
Os MDBs do Acre são muito mais que três, com a autonomia que têm os diretórios municipais, e são um só que sempre busca se renovar com lideranças atuantes. Aprendemos, em torno da mesa azul, que a Democracia sempre vence.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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