O produtor rural Ocimar Araújo de Oliveira, 55 anos, casado e pai de 5 filhos, morador da Reserva Extrativista Chico Mendes na região do município de Brasileia, procurou o jornal O Alto Acre para relatar como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aprendeu 44 cabeças de gado em suas terras, na tarde da última sexta-feira, 11, numa das operações que estão sendo realizadas sob a coordenação do Exército Brasileiro auxiliado pelos órgãos governamentais.
Ocimar explicou ao jornalista Alexandre Lima que em 2018 foi notificado pelo órgão ambiental a desocupar a área em um prazo de 6 meses. Na oportunidade, ele foi também multado em R$ 860 mil, tendo sua propriedade embargada. Ele disse que, orientado pelos próprios servidores do ICMBio, recorreu por meio de advogado e permaneceu na localidade à espera do andamento do processo.
Há cerca de 15 dias, o ICMBio voltou à propriedade de Ocimar dando-lhe o prazo de dias para retirar todo o gado existente na área. O morador disse que obedeceu a ordem de retirada dos animais, mas que numa terra ao lado da sua, deixou 44 cabeças pertencentes a um dos seus filhos, Lucas Gonçalves de Oliveira, de 20 anos, que não foi, segundo ele, notificado pelo órgão.
O produtor afirmou que na última sexta-feira, 11, militares do Exército e agentes do ICMBio chegaram de surpresa a sua casa e apreenderam e embarcaram o gado de Lucas em um caminhão, levando o rebanho para lugar não informado a ele. Ocimar lamentou a perda do que, para ele, é resultado de muitos anos de trabalho.
“É uma coisa que choca demais. Dói no fundo do coração você ver os bens que tu trabalhou tanto, suou, batalhou para conseguir, se acabando da noite para o dia, você perdendo tudo, isso é muito doído. Nós não sabemos o que vai acontecer, eles dizem que estão agindo dentro da lei, mas essa área não foi eu quem desmatou, ela já estava desmatada há muito tempo”, afirmou.
O ICMBio informou que o gado foi apreendido na área embargada. Ainda de acordo com o órgão, Ocimar Araújo de Oliveira não é morador da Resex Chico Mendes, mas um assentado do Incra que se apossou dessa área dentro da Unidade de Conservação, usando-a como retiro de sua fazenda, que fica fora da área protegida. A área foi alvo de um auto de infração, sendo embargada uma área de cerca de 80 hectares que havia sido desmatada.
O órgão ambiental também afirma que quando há a quebra de embargo, o que é caracterizado pela continuidade do uso da área embargada por auto de infração, todo o material e benfeitorias que lá estiverem quando do retorno da fiscalização, são apreendidos independentemente de quem seja o proprietário.