Estudar em uma universidade federal sempre foi motivo de alegria e a certeza de que aquele jovem de cabeça raspada que acabara de passar em um vestibular teria um futuro promissor pela frente. Pergunte aos pais mais antigos. Ver um filho passar na “federal” era a realização de um sonho da família.
O tempo passou, o ensino superior se tornou mais acessível com a oferta de cursos pelas faculdades particulares, que se espalharam pelo Brasil a partir do início da década de 2000.
Quem não conseguia passar no vestibular de uma federal, principal forma de ingresso na época, e tinha “bala na agulha” começou a ter oportunidade de concluir um ensino superior em uma faculdade particular.
Com a criação de políticas públicas voltadas ao financiamento para acesso ao ensino superior, mesmo os estudantes oriundos de classes menos favorecidas passaram a conseguir frequentar as salas de aula de uma faculdade particular.
A iniciativa privada no ensino superior cresceu e se espalhou por todo o país, formando grandes conglomerados educacionais que passaram a rivalizar em estrutura com as instituições públicas de ensino superior. A criação da modalidade de ensino a distância é considerado mais um combustível para o boom de faculdades particulares no Brasil e, como não poderia ser diferente, no Acre.
Durante muito tempo se questionou a qualidade do ensino oferecido por grande parte das universidades particulares e se fez comparações até injustas com as universidades federais, que possuem décadas de experiência na produção do conhecimento.
Mas é bem verdade também que as instituições privadas ainda não chegaram ao nível das que oferecem o ensino público. O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2018 mostrou que pouco mais de 3% dos cursos de universidades privadas atingiram o conceito máximo. Esse percentual vai para mais de 20% quando são analisadas as instituições públicas.
O ac24horas fez um levantamento com os números nos últimos três anos (2016 a 2018) do Enade de cursos que são oferecidos pela Universidade Federal do Acre e pelas três principais faculdades particulares do estado, UNINORTE, FAAO e FAMETA.
Os cursos pesquisados foram enfermagem, educação física, sistema de informação, ciências biológicas, pedagogia, direito e psicologia. A Universidade Federal do Acre não tem conceito, que vai de 1 a 5, menor em nenhum curso. É superior em todos. Um deles, por exemplo, é o sempre concorrido curso de direito, onde a UFAC alcançou no ano passado, o conceito máximo que é 5.
Mas, se na avaliação a diferença ainda é grande entre a UFAC e as instituições particulares, a situação na universidade pública acreana está longe de ser confortável.
Aliás, pode se dizer que a UFAC vive a sua pior crise financeira. No fim de abril, o governo federal anunciou o corte de R$ 1,7 bilhão nas universidades em todo o país.
Passados seis meses da decisão, a Universidade Federal do Acre sente na pele esses efeitos. Segundo a assessoria, a UFAC já foi obrigada a realizar diversos cortes nas despesas que comprometem a sua produção do conhecimento.
A UFAC cancelou pesquisas, já que diárias e combustível foram cortados. Bolsistas que recebiam para se dedicar as pesquisas tiveram suas bolsas suspensas. Alguns, são do interior do estado e usavam os recursos para ajudar na manutenção de suas famílias. Até o contrato da limpeza foi cortado, além de outros que tiveram que ser readequados. A UFAC hoje afirma que sobrevive no limite. Um exemplo é que os editais da extensão, que beneficiam a comunidade, foram suspensos.
O resultado de tudo isso é que os números demonstram que a UFAC ainda tem o melhor ensino superior no Acre, mas que o corte de gastos, a falta de investimentos em pesquisas e a pouca valorização dos docentes que lutaram para concluir seus mestrados e doutorados pode, em pouco tempo, fazer com que a Universidade Federal do Acre, perca esse status e deixe, cada vez mais, de ser um sonho dos jovens e de suas famílias.
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