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Queimadas deram prejuízo de quase R$1 bilhão ao Acre

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A recorrência das queimadas é uma tragédia socioambiental de todos os anos, mas, sob o ponto de vista econômica, é uma situação piorada. Um estudo recente divulgado na edição especial da renomada revista Remote Sensing, intitulado “Translating Fire Impacts in Southwestern Amazonia into Economic Costs” (Traduzindo os Impactos do Fogo no Sudoeste da Amazônia em Custos Econômicos), apontou que, no período de 2008 a 2012, o Estado do Acre acumulou uma perda de R$981,08 milhões, provocada pelos incêndios florestais. Isso equivale a 9% do PIB estadual. As reservas extrativistas são as que tiveram mais registros de incêndios florestais nesse período.


O estudo separa o impacto por “domínio da área”, ou seja, qual é a responsabilidade gestora da área, ou de órgãos públicos ou de propriedades privadas. Os resultados demonstraram que mais de 98% das áreas que sofreram incêndios florestais são de responsabilidade da sociedade civil, ou seja, propriedades privadas, onde as grandes propriedades se destacam com mais de 52% das áreas queimadas.


As Unidades de Conservação do tipo “Reserva Extrativista” (Resex) foram as que apresentaram a maior área queimada. A Resex Chico Mendes foi a que teve registro de maiores áreas queimadas ao longo dos anos estudados. Estas áreas foram fortemente impactadas pelos incêndios florestais em 2008, 2010 e 2011. O do ano de 2010 foi o mais significativo: cerca de 35 km², o que corresponde a 0,4% da Resex.

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Uma iniciativa de Liana Anderson, autora do estudo e sua equipe, criou a Plataforma de Monitoramento de Queimadas e Incêndios Florestais, que pretende enfrentar essa questão usando a tecnologia.


Desde o dia 9 de setembro, a plataforma opera, via internet, na região MAP -Madre de Dios, Acre e Pando, a zona de tríplice fronteira entre o Estado do Acre e os departamentos de Madre de Dios, no Peru, e do Pando, na Bolívia.


A iniciativa vem sendo considerada uma importante ferramenta para dar suporte às ações de planejamento e tomada de decisão local, permitindo realizar novas análises, como, por exemplo, a identificação de imóveis rurais e áreas protegidas, onde estão ocorrendo queimadas e incêndios florestais, a distância entre estas ocorrências e as escolas/postos de saúde, além de informar as principais vias, como estradas e rios, que possibilitem chegar aos pontos de ocorrências. Também estão disponibilizados dados de alerta de áreas queimadas, produzidos pelo projeto Acre-Queimadas (CNPq processo: 442650/2018-3) liderado pela pesquisadora Sonaira Silva, da Universidade Federal do Acre, que também colabora com a plataforma dirigida por Liana Anderson.



O projeto é desenvolvido pelos pesquisadores do Cemaden, Liana Anderson e João dos Reis, e conta, também, com a colaboração de pesquisadores de outras instituições, como do Inpe, Ufac, Woods Hole Research Center e as instituições Secretaria do Meio Ambiente do Acre, Herência da Bolívia, Cincia e Conservación Internacional do Perú, sendo parte das ações do projeto de Pesquisa MAP-Fire (https://www.treeslab.org/map-fire.html, financiado pelo Inter-American Institute for Global Change Research (IAI) – processo: SGP-HW 016).


A denominação do Projeto MAP-Fire, além de se referir ao mapeamento dos focos de queimadas e incêndios florestais, também faz alusão à primeira letra dos nomes das regiões que estão sendo mapeadas em cada país: Madre de Diós (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia). O objetivo é minimizar os impactos transfronteiriços socioambientais da Amazônia e a sua adaptação às mudanças climáticas na região.


A ferramenta desenvolvida para monitorar queimadas e incêndios florestais representa um aprimoramento do Sistema de Monitoramento da Unidade de Situação, que é mantido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) do Estado do Acre desde 2013.


“Este é um grande passo para trabalharmos ações, não só de reforço e aplicação da lei, mas também para pensarmos em estratégias junto às comunidades e órgãos locais, que buscam soluções para evitar o uso do fogo e impedir que estas queimadas se tornem incêndios florestais”, afirma a pesquisadora do Cemaden, Liana Anderson.


O pesquisador do Cemaden, João dos Reis, que coordena o desenvolvimento da Plataforma no Cemaden, informou que o próximo passo é acoplar à plataforma os dados de qualidade do ar, que hoje são coletados por diversos sensores adquiridos pelo Ministério Público do Estado do Acre, que abrangem a coleta de informações em toda a extensão do Estado do Acre. “Este conjunto de informações sobre queimadas e qualidade do ar ajudará os órgãos regionais a adotar estratégias de mitigação dos efeitos destes eventos”, afirma o pesquisador.


Atualmente, o Governo do Acre empreende um esforço de conter as queimadas ao mesmo tempo, tenta incorporar terras ociosas ao sistema produtivo, algumas das formas de recuperar os prejuízos. (Com Cemaden)


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