É quase impossível pensar em atendimento a uma criança especial e o pensamento automaticamente não remeter a APAE.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é uma referência em todo o país. No Acre, não é diferente. Já são quase quatro décadas atendendo às crianças, adolescentes e adultos que se encontram na instituição recebendo cuidado, aprendizado, respeito, inclusão e, principalmente, amor.
Só que a realidade é triste e desoladora. Servidores e familiares não tem dúvidas em afirmar que a APAE vive seu pior momento em seus 38 anos de existência no Acre.
Tudo por conta de uma parceria que sempre aconteceu com o governo do estado e que aos poucos está deixando de existir.
Os professores que atendem os alunos da APAE sempre foram cedidos pela Secretaria Estadual de Educação (SEE). Ocorre que, desde o ano passado, há um entendimento de que se os professores permanecerem cedidos para a instituição deixam de ter diversos direitos e acabam perdendo dinheiro e comprometendo, inclusive, a aposentadoria.
O quadro de professores que já foi de quase 30 professores, atualmente é de apenas 13. Mesmo assim, a entidade ainda consegue atender cerca de 300 alunos.
Só esta semana, três salas de aula já foram fechadas por falta de professor. Rosa Maria Soares, diretora administrativa da APAE, não tem dúvida. Este é o momento mais difícil da APAE em quase 40 anos. “O mais difícil é ter que chamar uma mãe e dizer que não vai ter mais atendimento para o filho dela. Isso dói no coração. É desesperador para as famílias e também para nós. Com certeza, esse é o pior momento que vivemos na APAE”, diz.
Rosa conta que os professores estão saindo aos poucos e o prazo máximo para que os profissionais retornem para a Secretaria Estadual de Educação é o mês de dezembro. “Sem os professores, somos obrigados a fechar as salas. Os que ainda estão aqui estão sem receber benefícios como VDP, porcentagem de 15% de ensino especial. É grande o prejuízo profissional. Tá todo mundo assustado e mesmo não querendo, estão tendo de sair da APAE”, afirma.
O choro de Socorro Gomes evidencia a importância que tem a APAE para quem é mãe de uma pessoa excepcional. Aos prantos, ela conta que a filha nunca se adaptou em outra escola. “Já passei por tantas coisas tristes tentando inserir minha filha em colégios normais, mas não deu certo. É muito.preconceito, até bater, já bateram na minha filha. Fomos pegos de surpresa ontem. Minha filha foi pra aula e hoje pela manhã teve essa reunião. Saí de lá sem rumo. Minha filha não foi pra aula e já entrou em depressão. Estamos desesperados. Eu não quero acreditar que o governo vai deixar isso acontecer”, diz.
O ac24horas entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Educação e aguarda uma posição sobre o assunto.
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