Em julho de 2014 a Oi me mandou uma conta errada. Fui até a agência, contestei, corrigiram a conta e paguei a fatura. No dia primeiro de novembro de 2017 a linha foi cortada por causa de uma dívida do mês de julho de 2014. Depois de algumas horas de atendimento no SAC e outras tantas no balcão da loja, descobri que não deram baixa na tal cobrança errada.
Mas tinha um problema, me disse o atendente: como a “dívida” tinha mais de dois anos, não havia como abrir uma disputa administrativamente. Era pagar para religar a linha ou não pagar e ir pro Serasa.
Então paguei, e fui buscar o valor na Justiça de pequenas causas, acrescido de uma parcela para repor o aborrecimento e o tempo perdido que, garanto a quem me lê neste momento, não foram poucos.
Juntei minhas provas, duas contas da mesma linha telefônica, correspondentes ao mesmo período de consumo, com a mesma relação de serviços utilizados, e a comprovação de pagamento de uma delas e fui para a audiência onde o preposto da empresa não teve como contestar o erro questionado. Alegou que a Oi estava em processo de falência, ou coisa do gênero, e que não tinha como propor um acordo em dinheiro. Me ofereceu uma linha gratuita da companhia.
Confesso que achei a piada meio sem graça e recusei a oferta para que a questão fosse a julgamento. Afinal, depois que me livrei dos serviços da empresa, não pretendo ser cliente dela outra vez.
Mais agora, no meio de 2019, recebi uma ligação da Justiça informando que a decisão do juiz me foi favorável, mas que caberia recurso das partes, para o que, se quisesse, eu teria que fazer por um advogado. Ponderei: a decisão me garantiu o valor que paguei a mais para a Oi e uma indenização que mal pagaria o honorário de um advogado. E não recorri. Mas a Oi, que alega não ter como corrigir seus erros, tem dinheiro para pagar quantos advogados precisar e, obviamente, recorreu.
Recebi, na semana passada, outra ligação da Justiça informando que, caso eu deseje me manifestar em relação ao recurso da Oi, terei que fazer isso por um advogado. Li a apelação e tem ali um monte de lero-lero e uma mentira plantada por deslavada má fé, como fato novo, que a boa assessoria dos juízes notará com facilidade.
Já se vão dois anos nessa pendenga. Enquanto isso a Oi continua a comercializar serviços com novos trouxas, empurrando suas mazelas com a barriga e entupindo de processos os serviço de proteção ao consumidor.
A Oi e uma enorme porção de empresas como ela se valem da morosidade da Justiça brasileira para continuarem a prestar seus péssimos serviços. Sabem que produziram um ambiente tão hostil de contestação que são poucos os lesados que abrirão uma demanda contra elas. Preferem manter uma banca de advogados a resolver pequenos problemas por seus sistemas de atendimento direto.
Da minha parte, continuo a confiar na Justiça. Espero nela encontrar juízes que entendam minha causa justa e que ponderem sobre as claras intenções dos que arrastam ações indefinidamente e a um enorme custo social.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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