A decisão de exonerar 340 cargos comissionados de indicações políticas dos deputados estaduais foi a gota d’água para que azedasse de vez a relação entre o Palácio Rio Branco e a Assembleia Legislativa.
O resultado das dificuldades enfrentadas pelo atual governo na área política desde o início da gestão culminou com a volta do deputado Gerlen Diniz à liderança de Gladson no parlamento e a necessidade de se reconstruir a base de governo, praticamente esfacelada atualmente.
Parte dessa reconstrução passa pela volta dos 340 cargos comissionados que eram indicações dos parlamentares. Quem balançou bandeira, fez campanha e viu de uma hora para outra sua exoneração no Diário Oficial está cobrando o seu deputado estadual.
Um exemplo claro é o deputado estadual Antônio Pedro, do Democratas. O parlamentar que é deputado pelo segundo mandato, tem sua base eleitoral em Xapuri e seu filho Alison Mendonça foi o principal adversário do atual prefeito de Xapuri, Bira Vasconcelos, na eleição passada e é pré-candidato para o pleito do ano que vem, perdeu nada mais do que os principais cargos do governo do estado no município que eram suas indicações.
De uma única canetada, foram exonerados Harlei Cardoso, gerente da unidade da Secretaria de Comunicação no município; Edna Barbosa, do núcleo de educação; João Cardoso, diretor administrativo do Hospital Epaminondas Jácome; Antônio Mansour, gerente do Depasa; Vera Mendonça, gerente da OCA em Xapuri; e Eriedson Soares, que era o representante do Deracre no município.
Para quem é político e, portanto, precisa manter sua base de apoio e se prepara para enfrentar uma difícil eleição no ano que vem, a perda de tantos cargos pode ser um complicador e tanto.
Publicamente, Gladson jamais admitiu que as exonerações foram uma retaliação aos deputados estaduais que impuseram a derrubada de vetos ao governo. O governador acreano sempre fez questão de frisar que as demissões foram por conta de não comprometer o gasto com pessoal determinado pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ocorre que há um fato curioso. Depois da exonerações em massa, cerca de 24 cargos comissionados que foram demitidos tiveram suas exonerações tornadas sem efeito. E o mais curioso ainda é que 13 novas nomeações foram publicadas, o que contradiz o discurso de comprometimento do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O ac24horas apurou que a tendência é que os cargos de indicações políticas dos deputados voltem. O governo já avaliou que a briga com o legislativo não é saudável para a gestão.
O que uma fonte confiável repassou a nossa reportagem é que há nos bastidores uma especíe de acordo para que os indicados que não apareciam no trabalho e que fazem parte da turma que não sabe nem onde são lotados sejam substituídos. A intenção é permitir que os parlamentares que integram a base e que eram os “donos” dos cargos indiquem novos nomes, mas que estes, pelo menos, compareçam ao seu local de trabalho.
A previsão é de que a edição do Diário Oficial desta sexta-feira, 27, haja uma grande quantidade de nomeações. A ideia é evitar a pauta negativa na Aleac, já que é o último dia da semana e não há sessão na Aleac.
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