O anúncio da suspensão da greve da saúde pública feito na manhã desta quinta-feira, 12, não arrefeceu os ânimos do movimento no município de Xapuri, onde além das pautas levantadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Acre (Sintesac), os servidores também exigem melhorias no funcionamento do hospital da cidade, o Dr. Epaminondas Jácome.
Com problemas estruturais, falta de médicos e de equipamentos, a unidade de saúde tem sido alvejada por críticas de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e de parlamentares municipais. Funcionários reclamam da situação de precariedade em que o hospital se encontra e afirmam que a insatisfação do público muitas vezes os atinge.
A enfermeira Maria Núbia Maciel, do quadro efetivo da Secretaria de Estado de Saúde, afirma que setores da sociedade têm sido injustos com a causa da categoria ao não reconhecer a legalidade do movimento e manifestar apoio ao governo mesmo diante da situação em que o sistema de saúde se encontra. Ela relata que funcionários do hospital chegaram a receber ofensas via redes sociais.
“Ilegal é o único hospital de um município ficar dois dias da semana sem assistência médica em um período de 12 horas. Às segundas e quartas não temos médicos no hospital, entre outras precariedades. Temos sido condenados por conta do movimento. Nas redes sociais somos xingados e desacatados. Fomos até chamados de vagabundos por um representante do governo do estado. Está na hora de as pessoas entenderem que para que ocorram as mudanças elas precisam sair da zona de conforto, se mobilizar em frente ao hospital, ir ao Ministério Público. Se não há médicos, raio-x, Samu, materiais básicos e pequenas cirurgias, a culpa não é dos servidores da saúde”, desabafou a profissional.
O representante da diretoria estadual do Sintesac em Xapuri, José Barbosa de Aquino, que atua no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), reforça as afirmações da enfermeira e acrescenta que a estrutura física do hospital, principalmente a cobertura, apresenta problemas. Segundo ele, a forte chuva que atingiu a cidade na tarde desta quarta-feira, 12, molhou quase todos os setores da unidade.
“Vaza muita água. As enfermarias femininas, os apartamentos e o isolamento ficam todos alagados. Temos que ficar mudando os leitos de lugar, procurando onde não pingue para não ter que remanejar os pacientes”, informou.
O diretor do hospital Epaminondas Jácome, João Honorato Cardoso, afirmou na última segunda-feira, 9, que reconhece as deficiências do hospital e informou que tem buscado continuamente soluções para várias necessidades junto à Sesacre. O gestor disse ainda há previsão de o governo realizar uma reforma na unidade de saúde até o fim do ano ou nos primeiros meses de 2020.