Menu

Pesquisar
Close this search box.

Falência da Caex abre espaço para nova cooperativa de extrativistas em Xapuri

Receba notícias do Acre gratuitamente no WhatsApp do ac24horas.​

Criada por Chico Mendes em 1988, meses antes de seu assassinato, a Cooperativa Agroextrativista de Xapuri já foi considerada por muitas personagens do movimento social rural como o mais puro fruto do ideal do líder sindical. 


A Caex tinha o objetivo de eliminar do processo de comercialização da borracha a figura indesejável do atravessador e viabilizar o desenvolvimento econômico dos seus associados. 


Mesmo tendo se tornado uma instituição sólida, que recebia apoio e financiamento de ONGs e fundações de governos internacionais, a Caex foi à bancarrota se convertendo em um dos maiores vexames protagonizados pelos herdeiros do legado de lutas de Chico Mendes. 

Anúncio


Entre os anos de 1988 e 1989, a Caex atingiu a cifra de US$ 1,8 milhão em apoio e financiamentos de organismos internacionais, como: Cultural Survival Enterprise, Fundação Ford, Fundação Inter-Americana, WWF, BID e instituições brasileiras como o BNDES e Ibama. 


O volume de recursos que abarrotava as contas da cooperativa despertou a ganância e alimentou uma série de administrações que dilapidaram o patrimônio da empresa, que agonizou durante anos até alcançar a falência total e ter seus bens não disponibilizados pela justiça. 


O golpe de misericórdia foi perda dos recursos do Programa de Compra Antecipada da Castanha, disponibilizados pela Conab – Companhia Nacional de Abastecimento – em virtude de uma dívida não quitada de mais de R$ 1 milhão.


Cooperxapuri

Passados alguns anos da quebra da Caex, os extrativistas de Xapuri estão fundando uma nova cooperativa. Ela tem o mesmo nome da anterior, Cooperativa Agroextrativista de Xapuri, mas com uma nova sigla -COOPERXAPURI – e novo CNPJ. De acordo com o presidente do novo empreendimento, Sebastião Nascimento de Aquino, o Tião Aquino, a cooperativa nasce com a proposta de resgatar a valorização dos produtos extrativistas e reorientar os associados para o sistema de produção tradicional, buscando que o seringueiro decline da opção pela prática exacerbada da pecuária dentro da Reserva Extrativista Chico Mendes.


Composta por membros de 6 associações de moradores e produtores tradicionais, a Cooperxapuri terá, inicialmente, a sua gestão financeira controlada pela Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre), que fará o papel de incubadora da primeira, cabendo a Cooperxapuri apenas a relação de compra e venda. No prazo de um ano a nova cooperativa se apossará da sua gestão financeira e passará a dividir a participação em alguns empreendimentos com a Cooperacre, como no caso do beneficiamento de castanha na usina Chico Mendes, que hoje tem o controle exclusivo da cooperativa central.


Uma das primeiras ações da nova cooperativa, segundo Tião Aquino, é a retomada da compra da borracha nativa dos produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes. O destino do produto é a empresa francesa Veja, que produz calçados orgânicos para o mercado europeu. Só para 2019, a Cooperacre tem um contrato de entrega de 270 toneladas de Cernambi Virgem Prensado (CVP) para a Veja. Criada em 2005, em Paris, a Veja é hoje uma das empresas compradoras da borracha que melhor paga por serviços ambientais – compensação por práticas de conservação de áreas de preservação. 


Tião Aquino explica que a Veja paga atualmente o preço de R$ 5,52 pelo quilo do CVP, que tem preço de mercado de R$ 2,50. Com o incentivo de R$ 1,00 pela qualidade do produto feito pela cooperativa mais as subvenções federal e estadual, o seringueiro está recebendo o valor de R$ 12,50 pelo quilo da borracha natural. Segundo o presidente da Cooperxapuri, a cooperativa já comprou neste ano 60 toneladas de borracha de uma meta 100 toneladas, o que promoverá a movimentação de R$ 1,2 milhão no mercado local. 


“A Cooperxapuri já nasceu andando. Nasceu para dar certo. Nós temos a convicção de que o investimento no extrativismo ainda é plenamente viável, além de ser a única saída para conter o desmatamento que nós estamos vendo na Reserva Chico Mendes. Nós queremos conscientizar o seringueiro de que o investimento que tem sido feito para se alugar pastagens para fazendeiros não é a saída para o extrativista. Se ele colocar na ponta da caneta todo a despesa para formar 10 hectares de pastagem para colocar 20 cabeças de gado, nesse sistema de arrendamento, ele vai descobrir que não vai conseguir pagar nem mesmo os custos”, afirmou.


INSCREVER-SE

Quero receber por e-mail as últimas notícias mais importantes do ac24horas.com.

* Campo requerido