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Fluxo errado e mau atendimento se juntam e formam a bomba relógio que é o Pronto-Socorro

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Leônidas Badaró

Mais uma vez, como acontece quase todos os dias, o atendimento no Pronto-Socorro da capital é motivo de reclamação por parte dos usuários.


Desta vez, a estudante Marina Moraes é quem faz um desabafo ao procurar atendimento para o irmão, vítima de uma queimadura provocada por óleo de cozinha.


Ela conta que o irmão, Manoel Martins, de 19 anos, sofreu a queimadura no domingo. Como na segunda-feira, a queimadura piorou e o jovem passou a sentir dor, decidiram procurar atendimento no Pronto-Socorro.


Ela conta que mesmo fazendo o procedimento normal para uma consulta, a enfermeira orientou que o irmão fizesse cara de dor para conseguir ser atendido. “A orientação foi que meu fizesse todo o procedimento de uma consulta normal, pois já tinha deixado de ser emergência pelo fato do acidente ter acontecido no dia anterior.


Assim o fizemos. Depois de algumas horas, fomos chamados e a enfermeira nos levou até o mesmo médico. No caminho, a enfermeira orientou ao meu irmão para cara de muita dor e dizer e dizer que a queimadura tinha sido recente, pois só assim ele seria atendido.



“Eu falei que mesmo a queimadura acontecendo um dia antes, fizemos o procedimento correto, fomos chamados e levados até o médico, que mesmo assim, se recusou em realizar o atendimento. O médico estava simplesmente sem nada pra fazer, sentado e mexendo em celular. O outro estava era dormindo numa cadeira. Será mesmo que um médico pode recusar atendimento desta forma? Eu fico indignada”, diz Marina.


Marina foi embora do Pronto-Socorro sem conseguir atendimento para o irmão, que foi atendido na UPA da Sobral.


O caso acima relatado explicita dois dos maiores desafios da nova gestão do Pronto-Socorro.


O primeiro é em relação ao fluxo. O morador de Rio Branco e do interior mantem por tradição e também pela ineficiência na atenção básica, o hábito de procurar o PS, mesmo a unidade, tendo como prioridade atender os casos que demandem risco de morte. Como a maioria dos pacientes que procuram o Pronto-Socorro deveriam buscar atendimento em uma UPA ou em um posto ou centro de saúde, a unidade fica sobrecarregada e não consegue atender com a rapidez e a qualidade que merece o usuário.


O outro desafio é conseguir oferecer um atendimento digno, respeitoso ao usuário, que já chega debilitado em uma unidade de saúde. Esse atendimento, que se passou a denominar de “humanizado” nos últimos anos, é uma das principais queixas de quem procura uma unidade de saúde pública, em especial, o Pronto-Socorro.


Seria uma injustiça, lógico, generalizar, mas, historicamente, o local é alvo de reclamações da população quanto ao atendimento e por mais programas de humanização que tenham sido implantados a impressão que se tem é que, na prática, pouca coisa mudou.


O novo diretor geral do PS de Rio Branco, Areski Peniche concorda e afirma que já tem tomado providências para tentar solucionar esse dois gargalos na maior unidade de saúde acreana.


 



“Nesses últimos trinta dias, nas diversas reuniões que temos feito com os chefes de setores, temos colocado que a nossa prioridade é transformar literalmente o atendimento de seres humanos para seres humanos. Temos feito essas conversas porque historicamente a queixa de pessoas que eram mal atendidas ou recebendo um atendimento inadequado. A população não pode ser culpada pela sobrecarga de trabalho que acontece aqui. Estamos movimentando o setor de educação permanente para que haja ainda mais capacitação nesse sentido”, diz Peniche.


O diretor do Pronto-Socorro salienta que em relação ao fluxo é necessário que todos assumam seu papel. “Tanto a secretária de saúde, quanto o governador tem dado todo o apoio para a reestruturação da rede de assistência, em especial quando a gente fala da atenção básica nos municípios. Pessoal pensa que só temos problemas em Rio Branco, mas o Pronto Socorro recebe pacientes de todos os municípios que veem ao Pronto-Socorro quando não encontram atendimento em suas cidades. Sabem que vão passar um dia inteiro no Pronto-Socorro, mas vão sair com sua consulta e seus exames feitos. Estamos buscando estratégias para que a população esteja cobrando quem deve cobrar”, diz Areski.


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Leônidas Badaró

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