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Cachaça e caviar

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Da redação ac24horas

Eis que depois de semanas mais parado que água de cacimba, o Acre foi abalroado com uma notícia que testou, de uma vez por todas, a veracidade dos ditados populares “quando a onça tá morta aparecem muitos corajosos para enfiar o dedo na venta dela” e “bocado comido, bocado esquecido”.


É isso: um dos donos da Cia. Selva foi às redes sociais denunciar um suposto catrepe aplicado pelo PT e ainda ameaçou os antigos companheiros de recorrer à Justiça para receber os haveres pendentes.


Junto com a reclamação, a declaração de pobreza que “loba petista” o havia deixado sem condições financeiras para continuar saboreando o legítimo uísque 18 anos e, por essa razão, estava obrigado a tomar cachaça Ypioca, uma pinga cearense vendida até em doses de 1 real.


Pois bem: a Cia. de Selva chegou ao Acre pelas mãos do saudoso governador Orleir Cameli, trabalhou na gestão municipal de Flaviano Melo, mas foi no governo petista que a empresa pintou e bordou.


Não é segredo no Estado que a verba da mídia intermediada se destinava muito mais para adequar e controlar a linha editorial da imprensa local que propriamente para fazer a propaganda das ações governamentais.


Ao longo dos anos de bonança, alguns milhões de reais transitaram pela conta corrente da empresa e jornais e jornalistas se ajoelhavam aos pés do governo para poder provar do milionário bolo midiático.


Os donos da empresa iam além das funções publicitária, pois também participavam das principais decisões e rumos dos governos petistas.


As lamentações não devem passar de reles deboches, pois, no Acre, poderia faltar dinheiro para o pagamento de qualquer credor, menos para a Cia de Selva. Foram décadas de regularidade de pagamentos. Faltou dipirona nos hospitais, mas não faltou dinheiro pra imprensa.


A serem verdadeiras as declarações isso vem a provar que o reclamante agiu como se o contrato fosse eterno. Um contrato desses em minhas mãos nunca me faltaria nem para o uísque da melhor espécie nem para o legítimo caviar. Difícil acreditar que não haja nas contas dos sócios da Cia. de Selva alguns milhões lucrados em quase 25 anos de relação comercial com o Estado e que passará para a história acreana como relação de comércio governamental mais longeva.



Luiz Calixto escreve às quartas-feiras no ac24horas


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