Sabe aquela clássica cena de novela onde o marido ou a esposa desconfiado ou mesmo um empresário que quer descobrir se um sócio ou um funcionário estão roubando a empresa contrata um detetive particular? Pois saiba que isso é muito mais comum do que você imagina, inclusive no Acre.
A primeira curiosidade é o que leva uma mulher jovem e bonita a entrar no ramo perigoso da investigação profissional, que culturalmente é dominado pelos homens. “Sou acreana, mas sempre viajei muito. E foi, exatamente, em uma viagem para o Rio de Janeiro que soube por um amigo de um curso para detetive profissional particular. Eu fui, fiz o curso e me apaixonei pela profissão”.
Sarah conta que as coisas deram tão certo que ela deixou o ramo do comércio e passou a se dedicar somente a carreira de detetive. “Eu tinha uma loja de auto peças, mas depois que conheci esse ramo, não consegui mais fazer outra coisa e decidir investir e realmente me profissionalizar com cursos de capacitação e compra de equipamentos”, afirma.
A detetive conta que as suspeitas de traição ainda são os maiores responsáveis pela procura por um serviço de detetive profissional. Sarah afirma que a suspeita de chifre é a motivação de 40% de quem procura pelos seus serviços.
O curioso, sinal dos novos tempos, é que se você pensou que são as mulheres que mais procuram pelo serviço, se enganou. “Sendo bem sincera, nos últimos dois anos e meio aqui no Acre, de dez casos que sou contratada sete são homens. Pode parecer mentira, mas realmente gira em torno de 70%”, explica Sarah.
E não é apenas para descobrir se a esposa é ou não fiel que os homens contratam o serviço de detetive particular. Há os que querem saber se a amante está andando na linha. “É isso mesmo. Os homens que tem amantes nos contratam porque querem saber se elas estão sendo fieis, já que na maioria das vezes é ele quem banca a faculdade, aluguel e carro na relação extraconjungal”.
Confirmando o ditado popular de que “onde há fumaça, há fogo” em 70% dos casos é confirmada a infidelidade.
Em 12 anos, Sarah conta que já viu de tudo. Ela lembra de um caso que durou mais de dois meses, com um final surpreendente. “Eu fui contratada por uma esposa que acreditava que o marido tinha uma amante, já que a relação dos dois tinha esfriado na parte sexual. Eu passei 72 dias seguindo essa pessoa e não conseguia descobrir nada. Ele era muito discreto e eu ia encerrar o caso e dizer que à esposa que as suspeitas eram infundadas. Um belo dia, estou almoçando em um restaurante quando o homem chega. Eu já conhecia toda a rotina dele, mas resolvi segui-lo. Ele se dirigiu a um bairro periférico, onde encontrou um homem e foram para um motel. O curioso é que eles não estavam sozinhos, tinham a companhia de uma boneca inflável”, conta a detetive.
Sarah conta que uma das maiores fontes de renda de sua empresa de investigação particular é o setor empresarial.
Os casos vão de suspeita de desvio de dinheiro por parte de um sócio ou funcionário, como até de familiares. “Acontece de tudo dentro das empresas. Tem sócio que rouba sócio fazendo desvios dentro da empresa, existem as esposas que querem saber se o marido tá desviando da empresa para as amantes, tem pai que desconfia dos filhos, mas a maior parte das desconfianças é dúvida de funcionários que não alegam doença e colocam a empresa na justiça por supostamente o trabalho ter provocado sérios problemas de saúde, mas nos flagramos jogando futebol, fazendo outras atividades que comprovam que os mesmos não estão doentes”.
A atividade de detetive particular profissional é arriscada, dependendo do tipo de serviço. Sarah conta que os mais perigosos são a investigação de roubo de gado e atividades em garimpo.
A profissional conta que já caiu mais de 50 vezes de motos e mostra suas cicatrizes com orgulho de quem ama o que faz.
“Eu já cai 59 vezes de moto. É normal, infelizmente. Já passei por quatro cirurgias e só nunca quebrei a clavícula e costelas, o resto já quebrei tudo, da cabeça aos pés. Além de já ter sido recebida à bala em uma investigação de roubo de gado”.
A tecnologia é uma forte aliada para que as investigações sejam elucidadas o mais rápido possível. Sarah tem um verdadeiro arsenal tecnológico. São canetas, óculos, boné e relógios espiões, gravadores, máquinas fotográficas que facilitam o trabalho.
Atualmente, Sarah já tem uma equipe com outros detetives, já que atua no Acre, em Rondônia e também na Bahia.
A profissão de detetive particular é uma profissão regulamentada por lei desde 2017.
Quem quiser trabalhar na área, precisa fazer um curso e ser credenciado. Existe, inclusive, a primeira faculdade que oferece o curso de investigação profissional, onde Sarah é a única aluna do Acre e já se forma agora em 2.019.
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