Acusação e defesa divergem sobre guerra de facções motivarem o crime
A Sessão do Tribunal do Júri de Xapuri recomeçou na manhã desta quinta-feira, 15, com os interrogatórios dos 10 acusados levados a julgamento popular pela morte do pedreiro Almir de Moura Silva, 26 anos na época do crime, e pela tentativa de homicídio contra uma segunda vítima. Silva foi morto por um grupo de 17 pessoas, sendo que 7 eram menores de idade quando ocorreu o crime.
O primeiro interrogado é Adailton Oliveira Lopes, que segundo o Ministério Público foi quem iniciou as agressões. Os outros 9 acusados serão ouvidos na sequência. Todos eles receberam a mesma denúncia do MP.
Os réus respondem por homicídio triplamente qualificado, meio cruel, motivo torpe, recurso que impossibilitou a defesa da vítima, organização criminosa, corrupção de menores e tentativa de homicídio. Em caso de condenação, as penas podem passar dos 30 anos. Os 7 adolescentes envolvidos no crime já cumprem medidas sócio-educativas.
A promotora de justiça de Xapuri, Bianca Bernardes, garante que a motivação dos crimes contra as duas vítimas representa uma tentativa de consolidação de organizações criminosas em Xapuri.
“Ainda temos uma cidade tranquila em comparação com outras do estado, mas as facções estão encontrando aqui esses pontos de vulnerabilidade para se instalar. Para o Ministério Público não resta dúvidas que a vítima morreu por afirmar que pertencia a uma facção”.
Um dos advogados de defesa, Carlos Vinícius Ribeiro, rebateu a afirmação da representante do Ministério Público. O defensor afirmou que o MP não conseguiu juntar informações e não cumpriu o seu papel de comprovar que os acusados fazem parte de facções.
“E ainda vou mais longe, a vítima não pertencia a nenhum grupo criminoso”, afirmou.
Após os interrogatórios será declarada aberta a fase dos debates orais com previsão de 2 horas e 30 minutos ao Ministério Público, para sustentação da tese de acusação, e igual tempo à defesa. Poderão haver ainda a réplica pelo MP e a tréplica pela defesa com o prazo de até mais 2 horas para cada parte, totalizando 9 horas de debates. Depois disso, o juiz Luís Gustavo Alcalde Pinto se reunirá com os 7 jurados, em sala secreta para o julgamento dos 10 réus. A sentença deverá ser lida por volta de 22 horas desta quinta feira, dia 15.
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