A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira, 30, a Operação Eminência Parda, nova fase da Operação Maus Caminhos, no Amazonas. Nesta fase, a PF investiga a prática de crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Dentre os principais envolvidos nos fatos investigados, estão o empresário pecuarista Zé Lopes com atuação em Boca do Acre/AM e Manaus/AM, e seu cunhado Gustavo Henrique Macário Bento, também empresário, que atua no ramo de fornecimento de refeições no Estado do Amazonas.
Foram cumpridos 2 mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e 16 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Manaus/AM e Boca do Acre/AM, e Rio Branco/AC, além de 7 mandados de bloqueio de contas de pessoas físicas e jurídicas no montante de aproximadamente R$ 20 milhões.
A prisão de Zé Lopes ocorreu em Boca do Acre. Já em Rio Branco foi presa uma assessora de confiança do pecuarista. Ela estava hospedada em um apartamento no condomínio de luxo Maison Rio Branco, localizado no bairro Morada do Sol, de propriedade de Zé. Segundo as investigações, a mulher que não teve seu nome revelado atuava no recebimento dos recursos desviados. A PF ainda fez buscas no apartamento pertencente a um filho dele que também fica no mesmo condomínio. Lopes é conhecido por ter mais de 100 mil cabeças de gado e ser considerado o “Rei do Gado” da Amazônia. Já seu cunhado, Gustavo foi preso no condomínio de luxo Unique, localizado no bairro Aleixo, na Zona Centro-Sul de Manaus.
Eminência parda é uma expressão utilizada para designar aquele que atua de forma oculta, “nos bastidores”, mas que detém grande poder.
“A investigação detectou que haviam repasses mensais de R$ 1.040.000, ao menos pelo período de dois anos que essas entregas ocorreram ao pecuarista. É possível dizer que foram realizadas mais de 20 entregas desse valor. A investigação detectou ao menos 13 eventos dessas entregas feitas pelo médico responsável pelo Instituto Novos Caminhos (INC) para o empresário pecuarista aqui do Amazonas. O pecuarista não tinha contratos com o Instituto Novos Caminhos, ele só recebia esses valores. Ele morava no mesmo condomínio do Mouhamad, o que facilitava esses repasses de recursos ilícitos”, disse o delegado da PF responsável pela operação Alexandre Teixeira.
O delegado ainda complementou que em 2016, quando o Amazonas decretou situação de emergência na área da saúde, se constatou que o pagamento mensal de R$ 1 milhão ao pecuarista foi realizado. Nesse mesmo período o Estado recebeu R$ 30 milhões do Governo Federal para auxiliar no pagamento aos seus fornecedores na área da saúde.
De acordo com o Inquérito Policial instaurado para investigar os fatos, os dois envolvidos teriam utilizado de uma empresa fornecedora de refeições para, em conluio com o então administrador, o médico Mouhamad Moustafá, de uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) que atuava na administração de hospitais e serviços médicos hospitalares no Estado do Amazonas, desviar recursos públicos federais, mediante a simulação de serviços e outras fraudes, como a prática de sobrepreço, que possibilitaram pagamentos indevidos reiteradas vezes.
Além disso, a investigação criminal também possibilitou a descoberta da possível prática de crime de lavagem de dinheiro por parte do empresário que atua no ramo da pecuária, em cooperação com outros investigados da Operação Maus Caminhos.
De acordo com as provas obtidas, o empresário teria chegado a receber periodicamente e em espécie, a quantia de R$ 1,04 milhão, ou frações, repassada pelo então administrador da OSCIP, com a finalidade de ocultar a origem, natureza e propriedade do dinheiro público desviado por intermédio da referida organização social.
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