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Desembargador diz que violência é atribuída a destruição da família e a falta de emprego

Por
Leônidas Badaró

Em qualquer lugar de Rio Branco, seja em bairro nobre ou na periferia, e, independente, se o cidadão mora em uma mansão ou em uma casa de madeira, a violência se tornou a principal reclamação dos moradores da capital acreana.


A insegurança se tornou uma realidade diária que quem mora em Rio Branco é obrigado a conviver. Se antes, os casos de violência estavam restritos à algumas regiões mais violentas, hoje está espalhada em todos os bairros da capital.


O crescimento da violência em Rio Branco é resultado do aparecimento e acirramento da disputa entre fações criminosas pelo comando do tráfico de drogas no Acre ao longo dos últimos anos.


Os números assustam. Só este ano já foram assassinadas 168 pessoas no estado. Isso representa, se contarmos até a segunda-feira, dia 29, uma taxa de 0,8 homicídio/dia, ou seja, quase que diariamente acontece um homicídio no Acre.


Destes assassinatos, 110 mortes foram na capital. Os números da própria Secretaria Estadual de Segurança mostram que mais de 70% dos homicídios foram execuções (107) ou confronto com a Polícia Militar (11). Não precisa ser especialista em segurança pública para chegar a conclusão de que sem a guerra de facções, o Acre seria muito menos violento e o número de assassinatos incrivelmente inferior.


Além da disputa por territórios, as facções precisam se capitalizar para manter seu negócio. Uma fonte de renda é a venda de drogas e a outra é o roubo de veículos, que são vendidos ou trocados por entorpecente na Bolívia, como aconteceu na tentativa de assalto aos seguranças do presidente do Tribunal de Justiça do Acre, Francisco Djalma.


“Estamos indo pra cima da bandidagem”

O que a população cobra e quer saber é o que vem sendo feito para diminuir a criminalidade no Acre e cumprir com a promessa de aumento da sensação de segurança.



Segundo o Secretário de Segurança Pública do Acre, Paulo Cézar, o balanço, apesar dos vários casos de violência, é positivo. “Esse movimento de roubo é derivado da descapitalização. Isso é natural quando eles sofrem algum baque como vem ocorrendo em face das operações que estamos realizando em parceria com o Gaeco e a Polícia Federal”.


O gestor da segurança pública justifica seu otimismo com números que apontam que em relação a julho do ano passado, a quantidade de homicídios diminuiu 35,38% em todo o estado. Já em Rio Branco, a redução é de 26,67% de primeiro de janeiro até o dia 30 de julho.


“Na gestão passada havia uma cerca complacência, algo como “vocês não mexem comigo que a gente não mexe com vocês” e nós estamos indo pra cima. O nosso entendimento é que a ordem que tem que vigorar é a do Estado. Por isso, tem esse tipo de reação (assalto), mas nós estamos contendo com a deflagração de operações”, diz Paulo Cézar.


O secretário de segurança pública afirma ainda que é preciso a junção de todos os órgãos e reclama das audiências de custódia. “Estamos realizando prisões diárias de assaltantes aqui em Rio Branco e temos tido quase uma regra dos assaltantes serem soltos e voltam a cometer o crime. Precisamos cada vez mais desse apoio do judiciário”, afirma.


O ac24horas conversou com o presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Francisco Djalma sobre o susto na noite desta segunda-feira, quando assaltantes tentaram roubar uma camionete onde estavam seus seguranças. Djalma fala sobre a violência no Acre.


“Eu penso que o Estado está fazendo o que pode para combater a violência. A violência de hoje foi criada nesses últimos 20, 30 anos que a gente viu a destruição da família, a falta de emprego que são componentes da violência, agravada com a chegada das facções”, afirma o desembargador.


Em relação às audiências de custódia, Francisco Djalma afirma que os juízes não fazem nada mais do que cumprir a lei. “Se as audiências de custódia não são interessantes e tem trazido alguns problemas, a gente reconhece que tem, mas o Poder Judiciário apenas cumpre o que está na lei. Se a lei é justa ou injusta é outra coisa. O que fazemos é cumprir com o que está determinado na lei”, diz o presidente do TJ/AC.


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Leônidas Badaró

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