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Presença de escorpiões no Vale do Juruá preocupa população

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De acordo com publicação cientifica com objetivo de analisar o perfil epidemiológico sobre o envenenamento por aranhas e escorpiões ocorridos na região do Alto Juruá, Amazônia Ocidental e no Brasil no período de 2012 a 2017, dos pesquisadores, Paulo Bernarde, Evandro Piccinelli e Welton Monteiro, a média de acidentes com aranhas e escorpiões na região do Alto Juruá é uma das maiores registradas na Amazônia e é maior que as médias para o Brasil, região Norte e para o Acre.


No período ( 2012 a 2017), foram registrados 207 casos de acidentes com aracnídeos, predominando as picadas por escorpiões (148 casos; 71,9%). A média do coeficiente de morbidade durante o período de estudo foi de 12 casos por 100.000 habitantes para o araneísmo e de 29,28 para o escorpionismo.


De acordo com a pesquisa, os acidentes com aranhas e escorpiões não estiveram correlacionados com a pluviosidade (quantidade de chuvas), podendo haver outros fatores associados a biologia das espécies ou com as atividades humanas relacionadas com a distribuição temporal, de forma que o risco de acidente com aracnídeos está presente durante todo o ano.

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Paulo Sérgio Bernarde, o Paulão, biólogo, professor doutor da Universidade Federal do Acre, Campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, cita que, no Hospital do Juruá, são atendidas aproximadamente 25 pessoas por ano que sofreram envenenamento por escorpiões. “A incidência é de 29 casos por 100.000 habitantes, que foi observada em uma pesquisa de Mestrado do Prof. Evandro Piccinelli da UFAC em que fui orientador”, explica ele.


Existem espécies venenosas na região, mas nenhuma espécie conhecida que seja tão letal como o famoso “escorpião-amarelo” (Tityus serrulatus), responsável por vários casos letais fora da Amazônia nas regiões Sudeste e Sul, principalmente de crianças. Entretanto, aqui há uma ou duas espécies com capacidade de causar envenenamentos graves. Nos últimos 10 anos registrou-se um óbito em criança aqui em Cruzeiro do Sul. Contudo, grande parte dos casos é considerada leve e na maioria das vezes a vítima nem procura o atendimento hospitalar devido a pouca dor que é apresentada. “Mas a avaliação médica é importante e o profissional avalia se há ou não a necessidade de uso de soro”.



Com relação ao veneno, de acordo com Paulão, todos são venenosos, ou, melhor, considerados peçonhentos. Um animal venenoso apresenta veneno, mas não tem mecanismo que permita a inoculação em outro organismo (Exemplo: Sapo). Já peçonhento tem veneno e um mecanismo (dentes inoculadores no caso das cobras, ferrão no caso da arraia) que permite ele inocular o veneno em outro ser. O escorpião apresenta o aguilhão no final de sua cauda (que, na verdade é seu abdômen), pelo qual ele pode picar e inocular o veneno. Apesar disso, a maioria dos escorpiões não apresenta veneno com capacidade de produzir envenenamentos graves em seres humanos.


O alerta do pesquisador é quanto à inexistência de dedetização específica que mate o escorpião. Ele dá algumas dicas de prevenção, como manter as casas, quintais e terrenos limpos, evitando entulhos e pilhas de madeira, bater roupas e calçados antes de usar e ensinar isso às crianças. ” Esses animais picam quando se sentem ameaçados, principalmente quando são comprimidos contra algo”, conclui.


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