Apesar de fazer parte do MDB, um dos partidos que detêm o maior número de cargos no governo, o deputado Roberto Duarte, que se apresenta como “independente” na Assembleia Legislativa, culminou sendo o principal opositor ao governo de Gladson Cameli neste primeiro semestre. Não foram poucas as vezes que o parlamentar pautou os debates da casa e por inúmeras vezes seus questionamento criaram crises na gestão estadual.
Em vários discursos na tribuna da Aleac, Duarte afirmou “que não era nem governo, nem oposição, mas sim do povo que o elegeu”. Com essa dinâmica de atuação e aprovação de até o momento cinco projetos de leis, em sua maioria relevante a população, o emedebista já se lançou pré-candidato a prefeitura de Rio Branco em 2020 e também goza de um prestígio exacerbado nas redes sociais.
De olho nesse trabalho, nos bastidores comenta-se que o governador Gladson Cameli, que teria se afastado de Duarte devido as críticas públicas do parlamentar ao seu governo, determinou que o vice-governador Major Rocha (PSDB) e o líder do governo na Aleac, Luis Tchê, convencessem o deputado para fazer parte da coalizão. Rocha, que é próximo de Duarte, já iniciou as tratativas com a supervisão de Tchê.
Dos três parlamentares do MDB na Aleac, apenas Antônia Sales, esposa do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, que foi recentemente exonerado do cargo de secretário de articulação, é considerada da base. Meire Serafim, esposa do prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim, já é considerada pelo governo como oposição.
Circula a informações nos bastidores que Duarte teria condicionado a sua ida para a base desde que tivesse liberdade para fiscalizar e criticar, o que na visão do atual governo, tem sido aceitável, já que a maioria da base composta por 16 deputados já criticaram secretários e serviços do Estado. A ideia do poder executivo é ter mais poder de fogo nas votações importantes que virão nos próximos meses.
Mas um fator pode ter “melado” a ida de Duarte para o governo: As declarações do governador Gladson Cameli que afirmou ao jornalista Luis Carlos Moreira Jorge que iria cobrar postura do MDB e de partidos aliados. Cameli enfatizou que estaria descontente com o MDB, já que, dos seus três deputados apenas um apóia o governo na Aleac. Para o governador, ele não pode mais ficar governando em meio a crises promovidas pelos partidos e deputados, já que todos estão com espaço no seu governo. “Acabou, Luis Carlos, agora é a favor ou é contra o meu governo, não aceito mais o meio termo e nem ser pressionado, o governador sou eu, preciso trabalhar em paz”, desabafou.
No mesmo dia da declaração do governo, entendendo que o recado do governador seria direcionado a sua postura, Duarte se manifestou afirmando que a sua atuação e da deputada Meire Serafim conta com apoio da direção do partido. Ele afirmou ainda que “as questões políticas, aliás como as demais questões que envolvam a governança do Acre, devem ser tratadas com maturidade, responsabilidade e equilíbrio e nos foros adequados”, disse o deputado dando a entender que o governador tratou o assunto de modo errado, por meio da imprensa. “Nada mudará a direção do mandato que os acreanos me outorgaram”, pontuou.
Procurado por ac24horas para comentar a situação, Duarte destacou que que torce para o governo de Gladson Cameli dá certo, mas enfatizou que para isso, a gestão precisa de ajustes. “Eu, assim como todo acreano, deseja que esse governo dê certo porque a população do Estado do Acre merece melhorias na qualidade da prestação de serviços na área da saúde, e principalmente na segurança pública e educação. O Acre merece melhor e mais e por isso queremos que o governo dê certo, mas para isso, precisa se ajustar. Em o governo se ajustando, nós também estaremos ao lado do governo para fazer a mudança que o Acre tanto necessita”, disse o deputado afirmando que independente de sua posição “sempre estará focado nos interesses da população do Acre, defendendo sempre os interesses do povo”.
Mesmo acenando positivamente, caso aconteça os ajustes na gestão, Duarte prefere aguardar os próximos acontecimentos com cautela. “É melhor aguardar. Vamos esperar as coisas acontecerem”, disse.