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O senador da motosserra

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Ex-aliado de Aécio Neves, do qual se autoproclamava “um saldado” ––e o líder tucano ainda estava distante dos escândalos que podem conduzi-lo à cela––, Márcio Bittar se associou ao senador Flavio Bolsonaro, cuja única qualidade é o fato de ser filho do presidente da República, para apresentar o projeto de terra arrasada que prevê o fim a reserva legal. É a união da corrente com o saibro.


Bittar é representante de um grupo de WhatsApp que diz defender as teorias de livre mercado de Adam Smith, mas leva a vida da forma mais Keynesiana possível, e, metaforicamente, prega o calçamento do território acreano com lajotas.


Atualmente, a lei ambiental prevê a proteção de 80% das florestas na Amazônia, 35% na região do cerrado e 20% na Mata Atlântica.

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Convidado do programa de Miriam Leitão, na Globo News, Bittar misturou alhos com bugalhos, não soube discernir uma reserva legal de áreas de proteção ambiental e permanentes.


Questionado sobre a razão da paralisia da bancada ruralista, que, em tese, deveria ser o segmento mais animado e engajado com a defesa de seu projeto, o senador acreano foi “pra lá e pra cá” e deixou a jornalista e os assinantes do canal sem a devida resposta.


O fato mais grave: a agressividade do projeto é tanta que nem os fazendeiros e monocultores ousam sair em defesa dele.


Tentar aumentar a produção agrícola pela via de expansão das áreas de florestas equivale a tentar melhorar a qualidade das comunicações com o ressurgimento do velho e nostálgico “orelhão”.


Se, de fato, o país deseja ampliar sua oferta de alimentos, a via permitida será o aprimoramento tecnológico da produção e a recuperação e incorporação de áreas já degradadas, posto que a tendência do mercado internacional é rejeitar quaisquer commodities cultivadas em terras devastadas.


Bobagem e perda de tempo insistir no modelo de desenvolvimento do Acre que tenha como ponto de partida derrubadas de grandes áreas de terra para implantação de pastagens ou soja. Ninguém em sã consciência ousa sugerir isso à sociedade brasileira.


De pouco adianta se escorar em exemplos de estados e países que não preservaram suas florestas para justificar a necessidade de desmatamentos exagerados. A visão ambiental é outra, dentro e fora do Acre.


Aliás o Acre já teve essa oportunidade: na década de 1970 o governo só garantia a posse da terra, e até reduzia o ITR, para quem botasse metade de sua área no chão. Passou o tempo que a a floresta era encarada como entrave e o desmatamento uma benfeitoria.


Sou partidário da ideia segundo a qual um pequeno agricultor dificilmente terá renda suficiente se em dois hectares preferir criar três vacas a explorar sua área com a variedade de fruticultura, por exemplo.


Não há mistérios a desvendar: ou optamos por incentivar uma variedade de oportunidades de produção ou nos contentemos com a eterna dependência do FPE.



Luiz Calixto escreve às quartas-feiras no ac24horas.


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