Se os fazedores de notícias nos jornais, sites e no Facebook tivessem conhecimento da “parábola do saco de penas” certamente a reputação de pessoas seria tratada como um bem mais valioso e não como um brinquedo qualquer ou algo descartável cuja reposição pudesse ser comprada em uma bodega da esquina.
Para quem não a conhece, ou já esqueceu, a parábola é a seguinte: um sujeito magoado e ressentido, irresponsavelmente assacou calúnias e difamações contra o morador de um povoado, sendo a dignidade deste ferida morte.
Depois que o maldoso boato “pegou vento” e se espalhou pelas cercanias, poucos foram aqueles que não passaram a vê-lo de forma enviesada.
Anos depois, o peso na consciência fez caluniador voltar ao povoado para, em confissão, pedir ao padre uma penitência em busca de perdão.
Diante do arrependimento dele, o pároco deu-lhe um saco cheio de penas e ordenou que o despejasse do alto da torre da igreja.
Minutos depois, com o saco vazio em mãos, o “fiel” arrependido voltou ao padre para mostrar que a missão havia sido cumprida.
Ato contínuo, o padre ordenou-lhe a segunda parte da penitência para consumar o perdão pretendido:
–– Agora junte nesse mesmo saco todas as penas que você e o vento espalharam.
O que foi juntado não encheu nem um terço do saco.
Moral da história: depois que espalha, não há esforço que reponha tudo. Sempre haverá uma pena solta a estimular a dúvida ou pergunta: será?
Em tempos de redes sociais, os “boatos de corredores” perderam o charme. Agora eles são mundiais. Caiu na rede, lascou-se. Esse mito de mentira de pernas curtas é mais falso que uma cédula de 3 reais.
Salvo honrosas e raríssimas exceções, o jornalismo acreano e os operadores de Facebook nunca afirmam nada, eles sempre “supõem” em nome de uma fonte.
E tão grave quanto: parte dos leitores afiançam ou não a boataria de acordo com seus interesses de militantes políticos.
Aliás, o papel principal da informação é tirar a lápide dos “sepulcros caiados”, principalmente quanto estes forem figuras públicas. Entretanto, a ferramenta a ser utilizada deve ser o fato, a prova, o indício fático e não o “disse-me-disse”, a fofoca, a intriga de grupinhos.
O que é podre tem que, de fato, ser exposto. Culpados devem ser responsabilizados e punidos.
Desinfetante melhor não há que a transparência do sol e o esclarecimento das dúvidas.
Como eu saí da política depois de um derrota eleitoral, mas a política insiste em não sair de mim, sei muito bem o que significa “plantar uma notícia” para depois alguém delirar no estrago causado por ela.
Todavia, quem se abraça com essa covarde estratégia não pode esquecer que o Acre é pequeno e os muros são baixos.
A denúncia fundamentada corrige rumos e desbanca do pedestal do falso moralismo. As fake news destroem reputações.
Honestidade não é apenas uma questão monetária. Ser correto com a transmissão de informações talvez seja até um valor mais decente.
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