A população do Acre está assistindo, estarrecida, a maior confusão política dos últimos anos. A eleição do governador Gladson Cameli (Progressista) se deu em cima de um bordão repetido por quase todos as pessoas do Acre, até pelos que votaram em Marcus Alexandre: “Tem que mudar”; “Chegou a hora da mudança”; “Voto no Marcus Alexandre, mas acho que tá na hora da mudança”. Era “mudança” pra cá e “mudança” prá lá. A questão é que cada um queria fazer mudança a partir do seu ponto de vista, da sua situação. O povo queria mudança de governo, achando que o PT não prestava mais. Que era a encarnação do mal, da corrupção. Porém, alguns partidos e políticos queriam apenas que o PT saísse para ocuparem o espaço.
No Acre passaram-se quase cinco meses desde que Gladson Cameli assumiu o governo para dar início a mudança. Tem se esforçado, é bem verdade. Mas enfrenta um dilema que a Frente Popular não fez, não deixou fazer, não cedeu em 20 anos de poder e não deixou como herança: que partidos políticos e deputados estaduais chantageassem o Executivo. Emparedassem o governo por cargos. Nem Jorge Viana, Binho Marques (esse em especial) e Tião Viana cederam as pressões. No início do governo, em 1999, a Frente Popular criou disciplina partidária e uma muralha entre o Executivo, os partidos e os parlamentares que impedia qualquer tipo chantagem porque vínhamos de um tempo em que governador e prefeitos pagavam dízimos à deputados e vereadores. A FPA deixou dividas, mas, também, como deve ser a relação entre o Executivo e o Legislativo.
O que se vê hoje na Assembleia Legislativa e no âmbito dos partidos que compõem a base política do governo é caso de polícia. O escárnio com a população, o desprezo a verdadeira mudança que o projeto desejava. A volta do toma lá dá cá, do balcão de negócios, dos conchavos, da captura do Estado por leões famintos. Afinal de contas foram 20 anos com a boca amarrada. Não há exagero nenhum. Onde já se viu Partidos e deputados da base do governo com cargos que vão do 1º escalão ao vigia da garagem agindo como se fossem de oposição para conseguir mais cargos no Executivo. Onde se enfiou a tal da ética, da mudança, do “fora PT porque são todos corruptos”, do “é preciso fazer a diferença”. Que o que está diferente?
O governador Gladson Cameli tem que conversar com os dirigentes partidários (as tribos). Se espelhar nas palavras de Jesus, o mestre judeu do primeiro século. “Quem comigo não ajunta, espalha”. “Quem não é por mim é contra mim”. Se ele tem os ideais nobres de realmente fazer as mudanças que a população, cada vez mais empobrecida, anseia e almeja precisa falar publicamente aos Partidos de sua base e para alguns parlamentares (NÃO TODOS) que decidam de que lado estão. O deputado Edvaldo Magalhães disse em uma de suas entrevistas que a FPA tinha se acabado com o resultado das urnas o ano passado. Pois começo a desconfiar que não! Engana-se quem pensa que o povo não está assistindo de camarote o que está acontecendo na política. Pois é exatamente o que vai pautar as futuras eleições.
. O falecido governador Edmundo Pinto (PDS), se elegeu em 1990, ou seja, há quase 30 anos, com um bordão que ele repetia nos seus discursos em todo o interior do Acre:
. “É preciso mudar os procedimentos éticos e administrativos no nosso Estado”.
. Com a morte de Edmundo veio Romildo Magalhães e Orleir Cameli até a eleição de Jorge Viana, do PT, EM 1998.
. Começa aí o ciclo de 20 anos de poder da Frente Popular, que termina com a eleição de Gladson Cameli em 2018.
. O PT cometeu muitos erros, mas de um não pode ser acusado: de fatiar o governo e ceder as chantagens de Partidos e parlamentares.
. Mesmo assim todos participavam do poder de forma moderada e justa.
. Quando o PT abriu a bocarra para engolir a maioria dos cargos e travar aliados a barca começou a ir a pique.
. O deputado Roberto Duarte é um caso a parte, desde o início que não aceitou nenhum cargo no governo para ter liberdade de ação na defesa do que ele entende como os interesses superiores da população.
. A questão não é o Roberto Duarte, é ter várias Secretarias com cargos que vão do 1º escalão e até o vigia da garagem e seus parlamentares fazerem oposição ao governo na Assembleia Legislativa.
. Simples, entreguem os cargos!
. Depois da votação da reforma administrativa alguns deputados governistas tentaram emparedar o líder do governo e o presidente da Aleac para irem até o governador distribuir os cargos.
. Como diz o Adamastor: “Minha Nossa Senhora”!
. Pois é, então!
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