Um capítulo da Marcha para Jesus que pouca gente teve acesso começa a ser revelado em postagens pelas redes sociais. Trata-se de uma sessão de descarrego do gabinete onde o governador Gladson Cameli deverá despachar no Palácio Rio Branco quando ele voltar da viagem que faz aos Estados Unidos na caravana do presidente Jair Bolsonaro.
O ato profético foi postado em várias páginas de facebook e nos grupos de WhatsApp pelas redes sociais, mas o objetivo da reunião de evangélicos com o governador foi revelado pelo pastor Ednaldo Souza. Ele afirma que a sessão de descarrego marcou o fim de um ciclo de 20 anos dominados pela esquerda. Na postagem de facebook, o pastor agradeceu o governador na pessoa do secretário de infraestrutura, Thiago Caetano.
“Somos gratos ao governador Gladsom Cameli na pessoa do secretário Thiago Caetano”, acrescenta o religioso.
Caetano teria arquitetado a sessão para livrar seu patrão [o governador] de todo o mal que ele e demais evangélicos acreditam que existia nas entranhas da sede tradicional do governo antes da Marcha para Jesus. O secretário é evangélico praticante da visão G12.
Durante a oração em que os pastores e pastoras convidadas afirmam ter extinguido e retirados os demônios do Palácio, uma foto mostra o governador do Acre sentado, com um leve sorriso. Entre os escolhidos para presenciar o evento estão a primeira dama do Estado, Ana Paula Cameli, o deputado Cadimiel Bonfim (PSDB) e a senadora Mailza Gomes (Progressistas).
Cameli também aparece na mesma postagem no palco principal do evento ao lado da esposa, Ana Paula e outras autoridades políticas evangélicas.
Nos grupos de WhatsApp que o pastor Edinaldo participa, a frase “novo tempo para o Acre” foi a mais utilizada nas análises do encontro que reuniu pouco mais de 10 mil pessoas no último sábado.
“Em uma casa, não é possível Deus e o Diabo juntos. Onde está Deus, o Diabo não entra” disse um pastor em comentário.
A assessoria de imprensa de Cameli já anunciou que após a reforma do local, concluída neste final de semana, o governador, o vice-governador e seus assessores voltarão a despachar do Palácio Rio Branco.
O gabinete institucional do Palácio deixou de ser utilizado nos governos do PT. Jorge Viana e Binho Marques utilizaram o espaço para atos simbólicos, mas usavam a chamada Casa Rosada como escritório. Revitalizado ainda na gestão de Jorge Viana, o local passou a contar a história de formação do Acre e parte do patrimônio cultural e arqueológico, além da revolução acreana, a vida seringueira e os empates e a luta de Chico Mendes.
O último governador da era petista, Sebastião Viana, católico praticante, deixou de usar por completo o primeiro andar do prédio onde costumeiramente ocorriam atos oficiais.
Em janeiro deste ano, o cerimonial da nova gestão deixou de oferecer um coquetel aos convidados para posse de Gladson Cameli devido as condições precárias que o espaço foi recebido. O primeiro ato da atual gestão ocorreu na avaliação dos 100 dias.
Servidores mais antigos que trabalham há décadas no Palácio, contam histórias de aparições e vozes que são ouvidas durante a madrugada. Nenhum deles quis revelar a identidade, mas asseguraram à reportagem que “o local é misterioso”.
Projeto pelo arquiteto Alberto Massler, a construção símbolo do poder executivo começou dia 15 de junho de 1929. Um ano depois o espaço foi inaugurado. Mas, o fim das obras ocorreu após longos 18 anos, em 1948.
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