“Não vai ter perseguição, mas a hierarquia precisa ser respeitada”. A frase é do novo secretário de polícia civil, delegado José Henrique Maciel Ferreira, que foi recententemente nomeado para o cargo no lugar do também delegado Rêmulo Diniz.
Ele recebeu o ac24horas um dia depois de ser confirmado como gestor da pasta que que tem dado muita dor de cabeça ao governador Gladson Cameli e que chega com a missão de pacificar as vozes discordantes entre os próprios delegados.
Na conversa abaixo, o xapuriense de 53 anos fala dos desafios, da política dentro da polícia, da relação com os outros delegados e da iminente mudança administrativa que vai tirar da Polícia Civil o status de secretaria.
ac24horas – conte um pouco da sua história na Polícia Civil?
José Henrique – eu sou acreano, de Xapuri, e fiz todos os meus estudos em escola pública, inclusive a minha formação em direito foi na UFAC. Entrei na Polícia Civil em 1994, sou do primeiro concurso para autoridade policial. Prestei serviços como delegado nos municípios de Tarauacá e Cruzeiro do Sul e já passei por todas as delegacias.
ac24horas – o senhor chega na Polícia Civil em um momento muito complicado, com colegas seus se posicionando contra algumas decisões de governo. Como o que senhor enxerga o tamanho desse desafio?
José Henrique – Primeiro eu fiquei muito honrado com o convite do governador. Tivemos algumas situações conflitantes, mas acredito que já estamos caminhando para a pacificação, já que todo os profissionais desejam o melhor para a instituição.
ac24horas – o senhor concorda com esse “rebaixamento” da Polícia Civil que vai deixar de ser secretaria e voltar a ser um departamento ou diretoria da Secretaria de Segurança Pública?
José Henrique – Eu não vejo como rebaixamento, já que não estamos perdendo nenhuma prerrogativa. A instituição não perde o principal que é questão da gestão, orçamento e sua administração interna. Não é a Secretaria de Segurança Pública que vai indicar qual delegado vai está em uma determinada delegacia. O que há é uma outra forma de administrar a segurança de uma forma mais integrada entre os setores para que consigamos combater o crime com mais eficiência.
ac24horas – Alguns dos seus colegas afirmam que a retirada do guardião, equipamento de escuta telefônica, do comando da Polícia Civil pode comprometer as investigações sigilosas. Qual sua opinião sobre isso?
José Henrique – Isso me estranha. Precisa ficar bem claro que o guardião só é usado com autorização judicial. Isso significa que para fazer interceptação judicial de qualquer número, o juiz tem que liberar. O guardião não pode ser usado deliberadamente pela autoridade policial. Esse equipamento estava anteriormente na posse da Segurança Pública e naquela época a Polícia Civil fez grandes apreensões e desbaratou quadrilhas. Vejo isso muito mais com uma questão de ego do que preocupação com o trabalho que tem que ser feito.
ac24horas – É claro que não há, atualmente, uma relação harmoniosa entre a direção da Polícia Civil e alguns delegados. Como vai ser a sua relação com os colegas que são vozes divergentes?
José Henrique – Dois pontos principais. Primeiro, como tem dito o nosso governador, perseguição zero a servidor, policial ou delegado e respeito acima de tudo.
ac24horas – Existe a possibilidade de novo remanejamento de delegados?
José Henrique – Toda gestão tem um entendimento diferente. Os colegas precisam entender que a gestão muda. Hoje estou aqui e posso achar que um delegado tem um perfil para determinado lugar. A polícia precisa mudar. Um delegado não pode ficar 10, 15 anos na mesma delegacia. Ele vai se acomodar. Então vão ter mudanças, mas nada de decidir por questões partidárias. O que não vamos abrir mão é o respeito a autoridade do cargo. A Polícia Civil é baseada na hierarquia e na disciplina.
ac24horas – o senhor conversou com o Rêmulo Diniz, seu antecessor?
José Henrique – Nós estivemos juntos na transição. Ele foi escolhido em um primeiro momento e, infelizmente, e não queria entrar nessa área, acabou saindo. Conversei ontem com ele e tenho certeza que vai continuar nos ajudando, já que é um delegado que tem um futuro brilhante pela frente na Polícia Civil.
ac24horas – O coronel PM Mário César que foi substituído no comando da Polícia Militar afirmou que política e segurança é uma mistura explosiva. O que senhor tem a dizer sobre isso?
José Henrique – Nâo tem como você dissociar a política e aa gestão. Sabemos que todos os comandantes, secretários são cargos técnicos políticos. Eu não vou entrar no mérito, mas quem assume um cargo que é de confiança do governador precisa tá afinado com as diretrizes do governo.
ac24horas – Todo Secretário de Polícia Civil que passou pelo cargo nos últimos anos tem um homem de confiança, um braço direito. Quem é o seu?
José Henrique – Eu não anunciei ninguém ainda e nem fiz mudanças na diretoria e em nenhuma delegacia. Primeiro a gente precisa trazer harmonia pra dentro da nossa casa. A partir da próxima semana, vamos começar a indicar ao governador as pessoas que queremos ter mais perto, que são pessoas que conhecemos o perfil e temos confiança para realizar esse trabalho que temos a consciência da responsabilidade e da expectativa da população.
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