O ex-Comandante da Polícia Militar do Acre, Coronel Mário César, não tem dúvida de que foi demitido do cargo por não ter aceitado interferência política na instituição. “Como Comandante da PM não poderia aceitar ingerências políticas e outras ingerências externas”, diz. “Quando se mistura a política e a segurança a coisa se complica”, pontua. Na conversa que tivemos, o Coronel se mostrou surpreso e indignado. Surpreso pela deselegância de somente vir saber da sua demissão pela mídia, antes que fosse comunicado. E indignado por achar que não merecia este tratamento, já que estava na reserva, em sua casa, quando foi procurado pelo vice-governador Major Rocha para aceitar a missão de comandar a PM. “Acho que fiz um bom trabalho, chegava ao meu gabinete às 7 horas e sempre saia às 19 horas, a tropa foi respeitada e diminuímos os índices da criminalidade, mas saio de cabeça erguida”, enfatizou. O Coronel Mário César (foto) viu na sua queda o dedo da Associação dos Militares, que integra o grupo do vice-governador Major Rocha. “A AME com a PM sob o meu comando perdeu a legitimidade na tropa, cortei privilégios, fiz uma escala de serviço humana, e isso desagradou este grupo, que se encontra em campanha para a eleição da nova diretoria. Por isso, tentaram me jogar contra a tropa. Uma pena que se queira fazer política na Polícia Militar”, assinalou. O episódio dá um breque em toda a estratégia montada no combate ao crime organizado, até que; o novo Comandante, Coronel Ezequiel Bino, trace o seu plano contra à violência. Bino é indicação do vice-governador Major Rocha. Vamos ver se de fato a mudança foi benéfica.
SARAPATEL AZEDO
Há algo estranho nesta queda do Comandante da PM. Os índices da violência desabaram no período que o Coronel Mário César esteve na frente da Polícia Militar. Não era esse o objetivo do governo? Caiu porque fez um bom trabalho? Não deu para deglutir este sarapatel azedo.
COBERTO DE RAZÃO
Não sei se existem outros motivos ocultos na demissão do Coronel Mário César do Comando da PM. Mas, ao não aceitar ingerências políticas e externas, agiu certo. Existem duas áreas que se misturar a gestão com a política é fracasso certo: uma é a Saúde. E a outra é a Segurança.
COMPLETAMENTE EQUIVOCADO
O deputado Fagner Calegário (PV) encontra-se completamente equivocado quando debita ao chefe do gabinete civil, Ribamar Trindade, a quem chama de “emissário do mal”, entraves no governo, por um raciocínio básico: o responsável por atos do governo é o governador. Ponto.
SAMBA DESAFINADO
Mas o deputado Fagner Calegário (PV) fez uma denúncia grave e que deve ser apurada, a de que a microempresa VB da Silva ganhou uma licitação na SEC no valor de 8 milhões de reais, quando só pode movimentar 360 mil reais ano. Este samba está com nota desafinada.
CONFESSO QUE NUNCA VI
E olhe que lá se vão mais de 40 anos de cobertura política na Assembléia Legislativa. Vivendo a aprendendo. Quase toda a base do governo foi ontem à tribuna para bater firme e fazer cobranças ao governador Gladson e secretários. Tudo isso para delírio da oposição. Nunca vi isso.
CRÍTICA JUSTA
Uma das críticas foi justa. A feita pelo deputado Marcos Cavalcante (PTB), dizendo ser inaceitável que o pequeno trecho que liga o centro da cidade de Feijó ao aeroporto esteja intrafegável, com atoleiros, situação que não demanda grandes recursos da Secretaria de Infraestrutura para resolver. São pequenas coisas que acabam abalando a imagem do governo.
VIROU GOZAÇÃO
Depois de assistirem todos os deputados da base governista que foram à tribuna reclamar e denunciar situações dentro do governo, os deputados Edvaldo Magalhães (PCdoB) e Daniel Zen (PT), foram irônicos, ao comentar que, com a concorrência, vão pedir aposentadoria.
QUATRO CAVALEIROS DO APOCALÍPSE
Quem ficou rindo de toda a situação foi o bloco do núcleo duro de oposição, formado pelos deputados Daniel Zen (PT), Edvaldo Magalhães (PCdoB), Roberto Duarte (MDB) e Jenilson Lopes (PCdoB), chamados nas rodas governistas de os “quatro cavaleiros do apocalípse”.
NENHUMA VOZ
O que chamou a atenção foi que durante o tiroteio sofrido ontem pelo governador Gladson Cameli, nenhum deputado levantou-se na sua defesa, mesmo se sabendo que têm cargos no governo. O novo líder do governo, deputado Tchê (PDT), terá trabalho para juntar os cacos.
NÃO CONHECI IGUAL
Nos últimos 20 anos não conheci nenhum governador que fosse mais habilidoso e que sabia usar o poder do que o Jorge Viana. Os seus aliados de governo na FPA tinham cargos na administração, mas lhes eram solidários. O seu líder Edvaldo Magalhães tinha a base na mão. Nunca assisti a um deputado da base do governo ocupar a tribuna para lhe criticar.
BASE AFINADA
A base de apoio do governo Jorge Viana era afinada por diapasão. Tinham o bônus de cargos no governo, mas também tinham que ter o ônus de defender sua administração na ALEAC.
NENHUMA, SEU ZÉ!
Sabem quantas vezes a cena que aconteceu ontem de quase toda a base do governo criticar o governador Gladson Cameli, aconteceria num governo do Jorge Viana? Nenhuma, seu Zé!
DITADO PERFEITO
Há um ditado chinês que se encaixa nesta situação da ALEAC: General fraco, exército fraco. General forte, exército forte. Um governador não pode ser levado ao canto do ringue.
ISSO PODE, ARNALDO!
No governo do Cameli é na base do melé solto. Aquele seu ar de bonachão não funciona na política, onde o sistema é bruto. Os deputados que têm cargos no governo se sentem no direito de disputar com a oposição para medir quem é que bate mais no governador. Confesso que tento, mas não entendo. Isso pode, Arnaldo? Político só respeita governo forte.
SABEDORIA DO GERALDO MESQUITA
Essa situação atípica da Assembléia Legislativa, onde o governo apanha sem dó da sua base, me fez lembrar uma conversa na redação de “O JORNAL”, que tive com o ex-governador Geraldo Mesquita. Guardei a frase dele: “Luis Carlos, aprenda; na política, você não vale pelo bem que você possa fazer, mas pelo mal que você pode causar ao seu adversário”.
LIÇÃO DE JADIM DE INFÂNCIA
Essa é uma lição de Jardim de Infância é que todo aquele que pretende ser candidato majoritário tem de aprender nas primeiras aulas: um governo pode até não eleger o seu candidato, mas se jogar todo o seu peso contra tem força para derrotar um adversário.
LOTADO DE “PORCOS ESPINHOS”
A deputada Antonia Sales (MDB), que sempre foi adversária dos petistas e sabe como jogavam duro contra ela, debitou os desencontros que estão acontecendo no governo do Gladson, ao fato dele ter entupido a sua administração de “porcos espinhos” do PT em cargos de confiança. E a deputada se encontra correta, conheço vários destes “porcos espinhos”.
EQUÍVOCO DE ALVO
Mas a deputada Antonia Sales (MDB) se equivoca quando faz duras cobranças ao secretário da Infraestrutura, Thiago Caetano, pela não recuperação da BR-364, no trecho entre Sena Madureira-Cruzeiro do Sul. O responsável pela obra é o DNIT, e não o Estado.
VOZ NO DESERTO
A única voz que se levantou ontem para defender o governador Gladson Cameli dos ataques dos deputados da sua base de apoio na ALEAC, veio de fora do parlamento, da Linda Cameli, mãe do governador. Foi a única defesa solitária a contrapor os ataques ao Gladson.
NÃO PODE ACONTECER
Primeiro que os atuais secretários só estão nos seus cargos porque aconteceu uma eleição, e na qual os candidatos eleitos e os derrotados, a militância, foi à rua pedir votos. Não se justifica, pois, que não atendam telefonemas de deputados. Não são donos dos cargos.
PERTUBAR TODA SESSÃO
Irritado, o deputado Neném Almeida (SD), prometeu ontem que vai ocupar a partir de hoje todo dia à tribuna da ALEAC para cobrar do secretário Thiago Caetano, a recuperação das ruas Peru, Venezuela e Chile, que ficam na Cadeia Velha e, e se tornaram quase intrafegáveis. Uma pergunta: são da competência do Estado? Se elas foram beneficiadas no programa “Ruas do Povo”, foi por uma facilitação municipal na época do ex-prefeito Marcus Alexandre. Se é isso, o Estado não é o mais responsável por estas ruas. É bom o Neném verificar.
“QUISERAM ME QUEIMAR”
O ex-líder do governo, deputado Géhlen Diniz (PROGRESSISITAS), revelou ontem que o vice-governador Major Rocha tentou lhe queimar junto aos colegas, ao falar que o parlamentar teria 70 cargos em Plácido de Castro. Foi feita a checagem e só encontrou três, ironizou.
GRUPO FECHADO
O deputado Géhlen Diniz (PROGRESSISITAS) nega que o grupo que integra junto com os deputados Wendy Lima (PSL), Neném Almeida (SD) e Chico Viga (PHS) são de dissidentes, e que exigiram uma secretaria para apoiar o governo. “Somos da base de apoio”, garante Diniz.
PARA SE ANALISADA
Quando a crítica vem de um parlamentar estabanado que joga para a platéia, fico com um pé da credibilidade atrás. Mas quando o deputado Jenilson Lopes (PCdoB), prudente, equilibrado, denuncia que o atendimento no Pronto Socorro piorou é para ser analisada pelos gestores.
CONFUSO E MUITO CONFUSO
Eu defino num comentário, o que está acontecendo no governo Gladson Cameli: Está tudo confuso, está tudo muito embaçado, principalmente, na Assembléia Legislativa.
FUNCIONA NOTA 10
O superintendente da FUNDHACRE, Lúcio Brasil, tem no SAE uma equipe profissional competente e da mais extrema qualificação. E importante na Central de Transplantes.
COMECEI A LER E ESTOU GOSTANDO
Estou debruçado lendo o livro do professor Marcos Inácio Fernandes, figura do bem, ex-comunista do pecebão, que hoje aburguesou; é lulista de balançar bandeira e chorar gritando “Lula Livre” e petista ferrenho; sobre a trajetória do PT, no Acre. Os primeiros capítulos são uma aula de história sobre partidos políticos que funcionaram no Estado muito antes das eleições diretas. Estou na metade. E, inclusive, aprendendo! Não entrei nos capítulos sobre o PT, que sei que nasceu debaixo das batinas dos bispos e padres do Acre, nas CEBs. Por muitos anos a Igreja Católica, no Acre, funcionou como um Consulado do PT, tendo como Consul Honorário o hoje Arcebispo Dom Moacyr Grechi. Hoje termino de ler. Recomendo aos colegas jornalistas da área política. É de um texto claro e gostoso de leitura. Nome do livro “PT – A expressão Política de Amor ao Acre”. Leia. Não precisa concordar. Onde comprar, Marcão?
NÃO É HISTORINHA DE NINAR
Estão contando uma historinha que não é de ninar, envolvendo um ex-governador, que tentou agir como intermediário de um banco numa operação de negociação para a compra das dívidas do Estado. Quando o representante do governo entrou na sala de negociação, voltou da porta, porque deu de cara com ele. E isso resultou até em demissão de secretário. Aberto o escritório de apostas para adivinhar quem são os personagens deste inusitado episódio.
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