Confesso que não sou dado à filosofia e também que costumo fugir da prosa quando o assunto é sobre religião. Como ambos os temas andam misturados na ordem do dia, arrisco aqui passear pela dúvida posta no título deste artigo.
O termo Babel está associado ao significado de confusão, não desmerecendo qualquer outra etimologia, que também não é a minha praia. Aparece no livro do Gênesis como um mito que explica o surgimento das diversas línguas como uma puxada de orelhas divina. A forma encontrada por Deus para que sua criação dispersasse ao invés de ficar toda junta construindo torres para se aproximar do céu.
Afinal, o comando original de Deus era para a humanidade se espalhar pela Terra e administrá-la como sua representante.
Nossos antepassados, religiosamente ou não, correram mundo, fixaram-se do Alasca à Patagônia e do Saara à Amazônia, Sibéria e Califórnia. Formaram tribos, povos e nações. Desenvolveram-se, guerrearam por terras, por escravos, por seus deuses e pelo petróleo. Descobriram o well fair state e que se alguém apertar o botão vermelho, babau.
A confusão linguística imposta pelo Criador foi superada pela hegemonia dos poderosos de plantão, ora os fenícios, ora os gregos, os romanos, a libra esterlina, o dólar, a comunicação de dados.
Milênios a fio, chegamos à Internet, o mundo virtual, a criação coletiva da criatura. Uma dimensão nova onde anjos e demônios fazem pouco sentido, mas onde todas as tribos se juntam e elevam, tijolo por tijolo, bite por bite, a Babel cibernética.
Mas (sempre tem um mas), como disse Caetano, Deus é um cara gozador que adora brincadeira, apareceu em cena o Zuckerberg e Cia com suas redes sociais e a confusão está de novo armada. Já não são as línguas que nos separam, mas o que postamos no Facebook e no Twitter. Deus estaria novamente pondo seu dedo grande para funcionar? Ao invés de línguas, agora fez uns defenderem o Lula e outros o Bolsonaro? Uns liberais, outros socialistas? Uns conservadores, outros progressistas?
Ou a coisa já está mais para o Apocalipse que para o Gênesis? Seria a Internet, ou suas redes sociais, a tal meretriz, a grande Babilônia? Ou o mundo virtual é somente o campo da batalha?
Como viram, tenho mais interrogações que certezas nesse campo. Da minha parte, vou continuar usando as redes como instrumento de melhorar o relacionamento e promover a igualdade e um pouquinho de felicidade entre os que sigo e os que me seguem. No mais, rogo aos filósofos, antropólogos, teólogos e outros ólogos que desvendem as entranhas do cyberspace, se é que ainda há tempo, antes que o Armagedom digital se instale de vez.
E que façam isso rápido porque, Babel ou Babilônia, o ambiente já está ficando chato demais.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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