Dizem que em time que estar ganhando não se mexe. Essa famosa frase comumente é dita no mundo do futebol. Realmente no universo do futebol essa expressão faz alguma acepção, pode ser que sirva para enlear o adversário ocultando com astúcia as mudanças, e talvez para manter a unidade da equipe de jogadores que se sentem firmes em suas posições. Mas na gestão pública esse adágio não existe.
O que motivou o governador Gladson Cameli a exonerar o comando das polícias militar e civil no mesmo instante em que dar publicidade à redução nos índices de violência em todo o Estado é a pergunta feita nos corredores das secretarias de polícia civil e no Quartel da Polícia Militar e até no banco do famoso Senadinho.
A Secretaria de Comunicação deve divulgar nota nesta terça-feira (7) afirmando que as mudanças fazem parte da reestruturação em andamento na área de segurança pública. Emenda que pode sair pior do que o soneto.
As exonerações do delegado Rêmulo Diniz da Polícia Civil e do comandante da Polícia Militar, coronel Mário Cesar, de acordo um oficial que pediu para não ter seu nome divulgado, foram definidas semana passada, têm o DNA do vice-governador Major Rocha. “O governador Gladson Cameli apenas chancelou o que já tinha sido decidido na sede da AME”, revelou o oficial.
O vice-governador Major Rocha chega em Brasília nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (7) fortalecido. A chancela pelo governador Gladson Cameli as exonerações do delegado Rêmulo Diniz e do coronel Mário Cesar aconteceram a pedido do vice-governador. Os casos tiveram analises diferentes.
A renomeação de Rêmulo, silenciosa, sem alarde, noticiada dias após sua reintegração à secretaria de Polícia Civil, era um sintoma claro de que mesmo com o processo contra ele arquivado, o delegado não voltava com força total.
O vazamento nas informações de transferência de delegados feitas semana passada, era o que faltava na avaliação do grupo de assessores do vice-governador para pedir o afastamento de Rêmulo do cargo. O secretário contava com alguns delegados no seu comando.
Durante o programa Fale Com O Governador, no último sábado, dia 4, Major Rocha deixou nas entrelinhas o anuncio que foi oficializado ontem. Ao ser questionado pelos radialistas que apresentam o programa sobre as polêmicas envolvendo as polícias, Rocha pediu o fim do que chamou de “guerra na Polícia Civil pelo bem do Estado”. O vice-governador colocou na cota dessa suposta cisma entre delegados, a baixa resolução nos processos.
A nomeação do subcomandante, segundo Joelson Dias, presidente da AME, foi a gota d’água. O que Dias não revelou é que o nome de Mário Cesar já vinha na corda bamba por conta de outras decisões que o ex-comandante tomou em desacordo com o vice-governador, entre elas, algumas nomeações nas cidades do interior.
A exoneração de Mário Cesar e Rêmulo Diniz foi adiada por conta da agenda internacional cumprida pelo governador Gladson Cameli na Colômbia. Na avaliação de assessores do Major, a canetada sendo dele, criaria uma crise ainda maior nas instituições e prejudicaria o diálogo entre o vice-governador e a base aliada na Assembleia Legislativa, para aprovar, principalmente, a perda parcial de autonomia da Polícia Civil.
Rocha tem agenda nesta terça-feira em Brasília com o ministro Sérgio Mouro, onde deve ser debatida questões relacionadas à segurança de fronteira. Longe da polêmica, quem ficou com a batata quente foi o governador Gladson Cameli.
O clima tenso na Casa Civil durante todo o dia de ontem, de muita correria pelos corredores, levou o cerimonial do Palácio Rio Branco adiar uma promoção de oficiais programada para acontecer no final da tarde, em frente o Comando da PM. O convite era do coronel BM Carlos Batista. O evento deve acontecer quando a poeira baixar.