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Em Cruzeiro do Sul, faltam medicamentos para a saúde mental

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A falta de médicos especialistas e de medicamentos compromete a qualidade da saúde prestada pelo governo do Estado à população de Cruzeiro do Sul e do Vale do Juruá como um todo. Em alguns casos, a situação causa mortes. O Hospital Geral não tem neurocirurgião e só conta com um anestesista morando na cidade. O outro profissional mora parte do mês no Paraná.


CAPS NAUAS SEM MEDICAMENTOS BÁSICOS


No Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Nauas, que atende 7 mil pessoas, cinco dos medicamentos mais importantes e básicos para o tratamento de transtornos mentais e epilepsia estão em falta, o que pode desencadear surtos psicóticos e suicídios entre os usuários do serviço.

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No CAPS faltam medicamentos como o carbonato de lítio, fluoxetina, paraxetina, sertralina, risperidona e carbamazepina, que são anticonvulsivos, antidepressivos e estabilizadores de humor. A aposentada Maria Francisca dos Santos, que mora no Miritizal, não achou, mais uma vez, os remédios que usa e diz que “sente muita agonia no juízo e vontade de correr louca” senão usar os medicamentos controlados que ela toma há cerca de dez anos. Ela, que recebe um salário mínimo, só fica com R$ 530,00 depois que paga um empréstimo e para comprar os medicamentos que não encontrou no CAPS, vai ter que pedir ajuda.


A falta de medicamentos, que dura mais de um ano, de acordo com o médico psiquiatra que atende no CAPS, Reginaldo Brandão, compromete o tratamento devido à inconstância no uso de medicamentos por parte dos pacientes do Centro que não têm condição de comprar os remédios. “Esses pacientes não podem ficar muitos dias sem a medicação, o que é comum para muitos que entram em surto”.


Cristina Messias, a gerente do CAPS Nauas, confirma a falta de medicamentos e explica que há um processo licitatório em andamento para a compra dos itens faltosos. Para ela, o problema é maior porque a prefeitura de Cruzeiro do Sul “não tem nenhum remédio para transtorno mental e sequer para epilepsia, apesar das várias tentativas que fizemos”.


PRÁTICAS INTEGRATIVAS COMPLEMENTARES


A farmacêutica do CAPS, Sandreia Sales, oferece aos pacientes, como alternativa à falta de medicamentos, os Florais de Bach, que são extratos à base de tintura de flores, tratamento autorizado pelo SUS. “Muitos aceitam esse tratamento e conseguimos equilibrar o estado mental dos pacientes”.


NO HOSPITAL NÃO SE FAZ NEUROCIRURGIA E UM ANESTESISTA MORA PARTE DO MÊS FORA DA CIDADE


Qualquer paciente que necessite de neurocirurgia na região do Juruá corre sério risco de morte. No Hospital Geral de Cruzeiro do Sul, que atende mais de 250 mil pessoas do Acre e sul do Amazonas, não há neurocirurgião, que faz cirurgias no cérebro, comuns em casos de acidentes ou aneurismas. A falta de neurocirurgiões já dura mais de 4 anos e causou várias mortes em Cruzeiro do Sul e demais cidades da região. Nos casos de comprometimento neurológico, de acordo com o médico intensivista Teobaldo Dantas, a intervenção deve ser feita em, no máximo, duas horas. Os neurocirurgiões tratam de pacientes com traumatismo na cabeça, na coluna vertebral, doenças vasculares como aneurismas e obstruções arteriais cerebrais e na região cervical que podem levar a uma isquemia cerebral, pacientes com dor crônica na coluna, defeitos congênitos de nascimento em crianças e adultos, tumores do cérebro, da coluna e medula, assim como lesões de nervos periféricos na face, braços e pernas.


Para as demais cirurgias, o Hospital conta com três cirurgiões e um quarto vem de Rio Branco em caso de necessidade. Com relação à anestesista, a situação é grave: só um profissional atende efetivamente na unidade hospitalar. O outro passa metade do mês no Paraná.


O médico intensivista, Teobaldo Dantas, que representa o Sindicato dos Médicos do Acre no Juruá, destaca que, com relação aos medicamentos no Hospital do Juruá, o abastecimento começou a melhor a partir da segunda quinzena de abril deste ano. Ele conta que no segundo semestre do ano passado, houve aumento no índice de mortalidade dentro do Hospital do Juruá pela falta de medicamentos básicos como antibióticos. “Para cada nível de infecção se usa determinado tipo de medicamento. Com a falta de um tipo de antibiótico, se se fizer uso de outro não adequado isso cria bactérias resistentes no âmbito hospitalar, o que causou muitas mortes”, conclui o médico.


O ac24horas entrou em contato com a Coordenadora da Saúde Estadual em Cruzeiro do Sul, Raquel Batista, mas ela não deu retorno sobre a falta de medicamentos e médicos especialistas.


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