Caiu do cavalo quem achou que a base do governo ia engolir a criação da CPI da Energisa. A manobra surpreendeu. Para contrapor, os deputados de sustentação de Gladson Cameli, em sua maioria, não compareceram à sessão, mas protocolaram pedidos da criação de outras Comissões Parlamentares de Inquérito.
Ao todo, além da CPI da Energisa, foram lidos requerimentos de pedidos de criação de CPI para investigar ações do Detran, Pró-Saúde, Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (HUERB), Fábrica de Pisos de Xapuri e Juruá Peixes da Amazônia.
O deputado estadual Roberto Duarte (MDB) disse que era uma vergonha a criação das comissões com o intuito de abafar a CPI da Energisa. “Eu quero saber, senhor presidente, quando é que esses pedidos de CPI foram protocolados. Já que a maioria dos deputados que protocolaram esses pedidos não estão aqui. Nós vamos ter que colocar agora a mesa sob suspeição. Não aceito a manobra de forma sorrateira”, destacou Duarte.
A mira de Duarte se voltou também para o deputado Tchê, que citou o caso Telexfree, no qual o emedebista defendeu, como advogado, no ano passado. “O senhor não citou meu nome por falta de coragem. Eu não vou aceitar que se traga essa discussão para o campo pessoal. Isso eu não vou admitir. Não vou permitir que a discussão fuja do campo do parlamento”, disse Roberto.
O samba do crioulo doido que virou a sessão desta quarta-feira, suscita outro debate. Como foram protocolados a criação de seis CPI’s há um problema de regimento, já que a lei afirma que só podem vigorar três comissões ao mesmo tempo. Daniel Zen (PT) disse que pode ter tido manipulação na data de protocolo da CPI, pois, a data do protocolo de pedido da CPI da energia é do dia 09 de abril, portando antes dos demais, o que daria prioridade à comissão da Energisa.
“Não vou colocar sob suspeição a mesa diretora dessa casa que tem cumprido fielmente o regimento interno dessa casa. Se a oposição fez essa manobra, tudo bem. Que escolham duas das que protocolaram, mas que fique claro, a da Energisa é a primeira. Se isso não acontecer, vamos quebrar o acordo de resolver as coisas de forma política, para decidir na justiça”, corroborou Edvaldo Magalhães.
Coube mais uma vez ao deputado Tchê a defesa do governo. “Quanto a data é muito simples. O primeiro pedido não foi protocolado porque o deputado Jenilson não conseguiu as assinaturas necessárias e a data que vale é a segunda quando o nobre deputado conseguiu reunir o número necessário”.
Fagner Calegário (PV) disse em seu discurso que ficou clara a ausência dos deputados da base do governo na sessão de terça-feira, 16. “Tá explicado porque os deputados da base do governo não estavam aqui ontem. Enquanto estávamos discutindo, a Energisa tava ligando para deputados em buscar de brecar a CPI. Minha preocupação agora é com o extrato dos deputados”, disse Calegário, sugerindo propina, sem citar nomes.
Nicolau Júnior, presidente da Aleac, mostrou que eram infundadas as dúvidas sobre suspeição da mesa diretora, bateu o martelo e garantiu que a CPI da Energisa vai ser publicada. “Estou garantindo que ainda hoje vamos mandar publicar a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito da Energisa”, sendo aplaudido pelos deputados favoráveis e pela população, que mais uma vez compareceu em grande número nas galerias da casa.
A sessão desta quarta-feira, mostrou o quanto o jogo na política acreana é bruto e surpreendente. Não tenha dúvida de que o feriado da Semana Santa vai ser de muita movimentação na oposição e na base de apoio do governo. Aguardemos os próximos capítulos.