Cada dia que passa o morador de Rio Branco se sente mais refém da violência. Apesar das promessas, a sensação de insegurança continua cada vez mais presente na vida de todos os moradores da capital acreana e a estatística de assassinatos só cresce.
Tranquilidade é algo que, atualmente, parece apenas um sonho distante da população e a violência se tornou, de longe, a maior reclamação do rio-branquense.
Os números falam por si só. Em 2019, já foram assassinadas mais de 80 pessoas no Acre
E esta sexta-feira representa bem o que os moradores de Rio Branco tem sentido na pele. O dia sangrento já contabiliza nada menos que 3 assassinatos em menos de 12 horas. Todos, ao que parece até o momento, ligados a guerra de facção que faz vítimas diariamente.
08 horas – Conjunto Universitário
O conselheiro do Bonde dos 13, detento monitorado por tornozeleira, Fábio Mâncio Bezerra, 39 anos, vulgo “pé de liga”, líder da facção na região do Conjunto Universitário, foi morto com 3 tiros na manhã desta sexta-feira (5) por um próprio membro da organização criminosa no Beco Sabiá, no Conjunto Universitário.
Segundo informações da polícia repassadas à reportagem do ac24horas, Fábio estava em casa onde funciona uma distribuidora quando o seu próprio “capanga” identificado como Eliakim Belo Teixeira, de 25 anos, sob efeito de entorpecente, chegou na residência gritando e dizendo que o mataria. Em posse de um revólver calibre 38, o criminoso efetuou 5 tiros contra a vítima que foi atingida com dois tiros na região da cabeça e um, nas costas. Em seguida, Eliakim fugiu.
Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada, mas ao chegar no local, Fábio Bezerra já estava morto.
Policiais Militares do (4°) Batalhão, juntamente com os agentes da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), isolaram a área para os trabalhos da perícia. Após buscas, Eliakim foi preso e conduzido a Delegacia de Fragrantes (Defla).
O corpo do conselheiro do B13 foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).
Segundo familiares, Fábio, que havia saído do presídio há 3 meses, tratava Eliakim como filho e dava de tudo ao acusado pelo assassinato.
17h:30 – Calafate
O Eletricista Anderson Silva Santos, 27 anos, foi morto a tiros na noite desta sexta-feira (4) em plena Rua Sanhaçú no Conjunto Wilson Ribeiro, região do Calafate.
Segundo familiares, Anderson, que já tinha passagens pelo presídio Francisco de Oliveira Conde e estava em liberdade há 4 meses, trabalhava como eletricista e tinha feito um vídeo na igreja, no qual rasgava a blusa de uma facção e anunciava seu desligamento da organizaçaõ criminosa.
Informações policiais dão conta que Anderson caminhava na rua com destino a casa de uma irmã, quando dois homens ainda não identificados se aproximaram a pé e um deles efetuou vários tiros contra a vítima. Anderson foi alvejado com quatro tiros, sendo dois na cabeça.
Após o assassinato, os criminosos fugiram do local tomando rumo ignorado.
Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ainda foi acionada, mas ao chegar no local foi constatada a morte de Anderson.
Policiais Militares isolaram a área até a chegada da perícia técnica do Instituto de Criminalística da Polícia Civil. Em seguida, fizeram rondas na região em busca de prender os acusados, mas, até o momento, ninguém foi preso.
18h:15 – Rui Lino
A vítima da vez agora foi o jovem Luciano Lima da Silva 24 anos, morto com 3 tiros na Rua Flor do Caribe no Bairro Rui Lino.
Segundo as informações policiais, Luciano estava na frente de uma casa usando o celular quando dois homens, supostamente membros de uma facção, se aproximaram numa moto e o garupa desceu e efetuou 5 tiros contra a vítima. Três atingiram Luciano, que morreu no local.
Familiares ao verem o jovem ferido ainda o levaram ao Pronto Socorro, mas Luciano não resistiu aos ferimentos.
A Polícia acredita que a motivação do crime seja brigas entre facções pelo comando de territórios na capital acreana.
A família confirmou que Luciano era usuário de droga e não tinha passagens pelo presídio.
O caso é investigação pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Participou Leônidas Badaró – Da redação
Fotos de Davi Sahid