Era julho de 1993, quando José Célio da Costa Souza começava a realizar o sonho de trabalhar no clube de futebol do coração.
Quem frequenta o estádio José de Melo, onde funciona a sede do Rio Branco Football Club, se acostumou por mais de duas décadas com o profissional que era responsável por toda rouparia do time mais vitorioso da história do futebol acreano. Célio era roupeiro e cuidava do material da equipe, sempre com muito zelo.
Por quase 25 anos foi assim. Que digam as fotos das viagens acompanhando o Rio Branco por todo o país na disputa de competições nacionais, que Célio guarda com orgulho e saudade.
Até que em janeiro do ano passado, o sonho acabou. Atingido por uma série de crise financeira, a diretoria do Estrelão, como é chamado o Rio Branco pela sua torcida, dispensou os trabalhos de Célio.
Deixar o local que foi sua casa por tanto tempo foi um duro golpe. “Fiquei muito triste. Passei mais de 20 anos no Rio Branco e nunca soube de nenhuma reclamação do meu trabalho”, diz o ex-funcionário.
Mas, ser demitido não foi o pior. Quando foi mandado embora, Célio tinha seis meses de salários atrasados, férias vencidas e décimo terceiro. Mais de um ano e dois meses depois ainda não recebeu um único real.
![ex-empregado-rio-branco (1) Foto: Arquivo Pessoal](https://i0.wp.com/ac24horas.com/wp-content/uploads/2019/03/ex-empregado-rio-branco-1.jpeg?w=242&h=182&ssl=1)
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Tendo dificuldades para sustentar sua família, Célio não teve outra opção senão procurar na justiça seus direitos.
“Tem sido tempos muito difíceis. É muito difícil hoje em dia conseguir emprego e fica complicado pra gente conseguir sustentar a casa. Tenho feito bico onde aparece, mas mesmo assim a situação não é fácil. Mais ainda quando a gente tem dinheiro pra receber”, diz Célio.
A justiça já deu ganho de causa ao ex-funcionário, mas até agora nada de aparecer o dinheiro. Todo o atrasado e os direitos trabalhistas chegam a uma quantia superior a 42 mil reais.
E as previsões para o ex-funcionário não são nada otimistas. O Rio Branco vive hoje a mais grave crise financeira em quase um século de vida, já que no próximo dia 8 de junho o clube completa 100 anos.
Tanto que o clube hoje não tem presidente e é gerido por um conselho gestor. Um deles é o empresário Getúlio Pinheiro Júnior.
Procurado pela nossa reportagem, ele falou sobre o caso do ex-servidor e afirmou que o clube só não saiu do futebol profissional porque ele e outras duas pessoas emprestaram dinheiro ao Rio Branco para manter a equipe.
“Quanto ao Célio, soube de seu desligamento, o que me deixou realmente muito triste por reconhecer sua dedicação e carinho para com o Rio Branco FC. Soube que entrou na justiça trabalhista, mas não sei do resultado. Se ganhou, receberá quando o clube tiver dinheiro. Não é má vontade. Hoje estamos com todos os nossos recebimentos bloqueados. Só mantivemos o time, porque eu, Alex e meu irmão Alan, emprestamos dinheiro para o clube manter o futebol. Precisamos estar entre os 2 finalistas do Acreano 2019 para poder fazer uma nova temporada de 2020 com melhor estrutura”, esclarece Getúlio.