Se eu fosse um pedagogo do Conselho de Educação, certamente estaria me perguntando: Onde foi que erramos? Como pode uma escola tocada por profissionais da segurança dar melhores resultados que as escolas dos especialistas em educação? Que lições precisamos tirar daí?
As instituições militares de ensino são hoje referências de qualidade, a ponto de haver forte pressão da sociedade para os governos estaduais construírem novas unidades, como ocorre atualmente no Acre. Historicamente, foram criadas pelo exército brasileiro para oferecer educação básica aos filhos de militares que “sofrem os reflexos das obrigações profissionais dos pais em razão das peculiaridades da carreira”, conforme nos conta a Wikipédia. Ou seja, mudam de cidades com elevada frequência e necessitam de algumas condições peculiares para adaptação a novas escolas e currículo.
Com o tempo, outras corporações, em especial as polícias e bombeiros militares de diversos estados, abriram escolas de ensino fundamental e médio, que também oferecem vagas à população em geral.
Mas o que diferencia as escolas militares das escolas públicas tradicionais, além de serem geridas por entidades cujo propósito é a segurança pública e não a educação formal? Na minha opinião, a principal diferença está na concorrência de acesso. São poucas vagas bastante disputadas, seja pela imagem de qualidade, seja pela necessidade de segurança, ambas bastante degradadas na rede tradicional.
Escolas que fogem ao pacote geral ofertado pelo estado, como o Colégio de Aplicação da UFAC ou a Fundação Bradesco, para citar dois casos de acesso gratuito, são também objeto do desejo dos pais que querem a melhor educação de seus filhos, sem que o apelo pedagógico perca força para a ênfase em comportamentos da caserna.
A Educação brasileira sempre se deparou com o problema qualidade x quantidade. Desde o império até as décadas de 60 e 70, do século passado, tínhamos um ensino público de elevada qualidade, porém altamente elitizado, excluindo uma parcela significativa da população, principalmente a rural e a da periferia das grandes cidades, e perpetuando um número significativo de analfabetos.
Professor, naquele tempo, ganhava tanto ou mais que muitas outras carreiras do funcionalismo e estudar em escola pública era sinônimo de boa educação formal. Mas poucos tinham esse privilégio. Muitos paravam nas primeiras séries do que hoje chamamos de ensino fundamental. Outros nem tinham acesso, seja por dificuldade econômica ou pela absoluta falta de vagas.
Uma reforma buscando a universalização do ensino básico ocorreu ainda no governo militar, porém com um violento achatamento salarial, e foi acelerada com contratos precários dos novos professores. O principal Pilar do sistema educacional, a escolha por profissões da licenciatura, foi comprometido nesse processo.
Pusemos todas as nossas crianças na escola, mas não demos conta de oferecer qualidade. Foi quando as escolas particulares ocuparam o espaço de referência e a elitização, agora com predomínio do viés econômico, se evidenciou.
Nessa história já se foi meio século de bateção de cabeça. Muita coisa mudou no cotidiano das cidades, no acesso à informação, nas relações domésticas, no relacionamento social das crianças e jovens e na economia brasileira. Talvez aí a psicologia e a pedagogia não tenham dado algumas respostas a tempo, enquanto a organização militar ofereceu resultados bem vistos por grande parte da sociedade leiga.
Além da triagem de acesso, que outras coisas fazem as escolas militares darem melhores indicadores que as demais públicas? Em relação a outras escolas tradicionais que conseguem indicadores de excelência, quais são as semelhanças e divergências que explicam o sucesso? Todas oferecem seu serviço ao mesmo custo por aluno? São perguntas que precisamos responder urgentemente.
São só elucubrações, mas precisamos tirar alguma lição disso antes que o senso comum entenda que a solução do problema educacional passe, simplesmente, por transferir todo o sistema de ensino básico para órgãos da Segurança.
Trocar os técnicos da educação por especialistas na repressão me parece estranho.
Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24horas.
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