Poucos sabem, mas a Arara-Vermelha é tida como a ave-símbolo do Acre. Alguns ativistas, como o ornitólogo Dalgas Frish, chegaram a propor que o status fosse dado ao Uirapuru Verdadeiro, cujo canto foi gravado nas florestas do Acre -outros falam da Choca-do-Acre, só encontrada, no Brasil, no extremo-oeste do Acre. A Arara-Vermelha tem registro de ocorrência em cinco pontos do Acre e pode ser vista em quase todo o País.
A “escolha” não foi exatamente um processo tranquilo tampouco transparente mas teve algum debate que envolveu gente de fora do Acre. Em entrevista ao Blog do Altino, o jornalista Silvestre Gorgulho chegou a considerar a opção pela Arara-Vermelha “um erro histórico-geográfico-cultural”. No País, o Sabiá-Laranjeira é há muitos anos o símbolo do Brasil.
Vários Estados também tem sua ave-símbolo, definidas por decreto governamental, entre eles o Paraná (Gralha-Azul – Cyanocorax caerulens); Rio Grande do Sul (Quero-Quero – Vanellus chilensis); São Paulo (Sabiá – Turdus rufiventris).
Com Dalgas, chegaram a propor lobby para tornar o Uirapuru Verdadeiro (Cyphorhinus modulator) a ave símbolo do Acre e com decreto oficial. Algo que tudo indica não prosperou.
Esse movimento foi registrado em 2006. Treze anos depois, em 2019, o pesquisador Edson Guilherme, da Universidade Federal do Acre (Ufac) diz que há outras aves com características bem mais acreanas já com a arara-vermelha. É o caso da Choca-do-Acre (Thamnophilus divisorius), que Guilherme descreveu, na WikiAves, como “espécie endêmica e restrita as regiões da Serra do Divisor (Brasil/Peru)”. O pesquisador produziu o livro “Aves do Acre”, o grande acervo sobre o tema no Estado.
Guilherme é um dos maiores especialistas do Brasil em pássaros e autor de artigos públicos nas mais relevantes publicações do mundo sobre o assunto.
Conheça a ave símbolo de cada Estado do Brasil em mapa produzido pela Ornithos:
Sul:
Rio Grande do Sul – Quero-quero (Vanellus chilensis)
Santa Catarina – Araponga (Procnias nudicollis)
Paraná – Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus)
Sudeste
São Paulo – Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris)
Rio de Janeiro – Tucano-de-papo-amarelo ou de-bico-preto (Ramphastos vitellinus)
Espírito Santo – Beija-flor (Colibri serrirostris)
Minas Gerais – Seriema (Cariama cristata)
Centro-Oeste
Mato Grosso do Sul – Tuiuiú (Jabiru mycteria)
Mato Grosso – Tachã (Chauna torquata)
Goiás – Anhuma (Anhima cornuta)
Distrito Federal – Gavião-real (Harpia harpyja)
Norte
Tocantins – Cigana (Opisthocomus hoazin)
Pará – Pavãozinho-do-Pará (Eurypyga helias)
Amapá – Flamingo (Phoenicopterus sp.)
Rondônia – Jacamim-de-costas-verdes (Psophia viridis)
Acre – Arara-vermelha (Ara chloropterus)
Amazonas – Uirapuru (Cyphorhinus arada)
Roraima – Galo-da-serra (Rupicola rupicola)
Nordeste
Maranhão – Sabiá-da-praia (Mimus gilvus)
Piauí – Surucuá-de-barriga-vermelha (Trogon curucui)
Bahia – curió (Sporophila angolensis)
Sergipe – Corrupião (Icterus jamacaii)
Alagoas – Mutum-do-nordeste (Pauxi mitu)
Pernambuco – Tesourão (Fregata magnificens)
Paraíba – Pomba-de-bando (Zenaida auriculata)
Rio Grande do Norte – Ema (Rhea americana)
Ceará – Jandaia (Aratinga jandaya)
Fonte: Ornithos