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Por mais capricho e menos buracos

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Já havia decidido que este artigo seria sobre a buraqueira que se formou nas ruas da cidade quando a prefeita Socorro Neri parece que leu meus pensamentos e pôs a equipe da Emurb para uma nova rodada de consertos. Desde que ela assumiu a administração, temos que concordar que melhorou muito a qualidade da massa asfáltica que afoga as crateras abertas nas principais ruas.


A questão que fica é: porque os buracos surgem com tanta facilidade? Mal se acaba um conserto outras valas aparecem ao lado e adiante. Para responder isso é necessário entender que não se pavimenta para construir buracos. Eles são consequências de trabalhos mal feitos.


Temos visto que em serviços recentes de alargamentos, como os das avenidas Getúlio Vargas, Brasil, próximo à Oca, e na estrada da Floresta, nem precisou acabarem as obras para que a buraqueira despontasse. Isso tem sido a regra, desde a Antônio da Rocha Viana, estradas do Calafate, do Quinari, do Aeroporto, Jarbas Passarinho, Via Verde e tantas outras artérias importantes da cidade.

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Pavimento é um investimento caro. Num “chute” rápido, 100 metros de uma rua simples não saem por menos de R$250 mil em nossa região. A qualidade independe desse preço e é pressuposto de qualquer contrato. Quem ganha uma licitação, promete cumprir projetos, especificações técnicas e normas de engenharia.


Mas não são somente as obras de pavimentação que afundam sozinhas e dissolvem com a primeira chuva. As redes de água, esgoto e drenagem que vêm sendo implantadas recentemente têm contribuído muito para a formação de sulcos profundos ao longo de vias importantes, como na rua Alvorada e outras na região do Bosque, por exemplo. Ao fechar as valas, após instalar os novos tubos, não é realizada a compactação correta e, certamente, não é usado solo adequado para o serviço de recomposição dos pavimentos.


Em suma, falta capricho. Falta controle de qualidade. As empresas que estão realizando e os profissionais que estão fiscalizando esses serviços não demonstram o menor compromisso com os recursos públicos.


A imagem pública da prefeita é de uma pessoa perfeccionista e organizada. Formou uma boa equipe e se prepara para seu primeiro verão onde, de fato, terá a oportunidade de fazer diferença na recuperação da cidade. Já prometeu que acabará com os pontos de inundação que ocorrem pela falta de capacidade e de manutenção dos bueiros e igarapés. Uma tarefa difícil, mas necessária e não impossível.


Só em Rio Branco há 4 faculdades formando anualmente uma centena de engenheiros para auxiliá-la nesse desafio. Também é uma oportunidade de ouro para estágios e trabalhos de curso que ajudem a preparar novos profissionais comprometidos com a solução dos problemas da nossa urbanização.


Sobre a péssima qualidade das obras que vive a recuperar, a equipe da prefeitura pode alegar que foram todas realizadas por órgãos do governo estadual. Uma consequência dos anos que a prefeitura de Rio Branco foi um apêndice de secretaria de estado e a cidade servia de vitrine das obras cosméticas de propaganda, muitas das quais, a exemplo das Ruas do Povo e as dos loteamentos habitacionais, derreteram como Sonrisal.


A questão urgente é comprometer todos os parceiros com a qualidade e durabilidade das novas obras públicas e ser implacável com os porcalhões. Criar alternativas de racionalização, ao custo da cidade se tornar eterna refém das mazelas herdadas.




 


Roberto Feres escreve às terças-feiras no ac24Horas.


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