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Ciência, tecnologia e agronegócio: uma breve reflexão

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O ano de 2019 chegou e junto a ele chegou ao final vinte anos do governo da frente popular liderada pelo Partido dos Trabalhadores. Ao longo destes vinte anos, dois “modelos” de desenvolvimento foram postos em prática. O primeiro “modelo” denominado de “florestania” e posto em prática nos governos de Jorge Viana (1999 a 2006) e Arnóbio Marques (2007 a 2010) e o segundo “modelo” aqui denominado de “pseuda-industrialização” implementado pelo governo de Tião Viana (2011 a 2018).


Muito embora os três governadores pertençam ao mesmo partido político, a política de desenvolvimento econômico implementada apresentou substancial diferença. A primeira contemplando o meio ambiente e a segunda uma tentativa de industrialização.

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Em alguns indicadores socioeconômicos é visível a evolução do Acre. Contudo, em outros, a situação do estado é preocupante e enseja uma nova matriz de desenvolvimento.


Após vinte anos do governo da frente popular o governo Gladson Camelli assume o estado com a proposta de desenvolver a economia através do incentivo e desenvolvimento do agronegócio.


Em termos de agronegócio o Brasil é uma potência mundial e alguns estados brasileiros apresentam alto nível de desenvolvimento e crescimento econômico alicerçado em atividades do agronegócio, altamente, competitivas no mercado internacional, ou seja, apresentam elevada produtividade, qualidade em seu produto e um empresário rural altamente capacitado.


Neste sentido, ciência, tecnologia e desenvolvimento do agronegócio no Acre devem estar umbilicalmente ligados. A política de ciência e tecnologia do governo Gladson deve criar condições necessárias para aumentarmos a produtividade e qualidade dos produtos da agropecuária acriana.


Mas apenas isto é garantia de desenvolvimento do agronegócio no Acre?


– Não, não é!


A política de ciência e tecnologia deve conduzir o agronegócio a inserção em novos mercados e mercados diferenciados. É muito difícil sermos competitivos em nível nacional e internacional. Contudo, a natureza foi generosa com Acre, ou seja, é possível através da condução de uma política de ciência e tecnologia criarmos as condições necessárias para o desenvolvimento de atividades do agronegócio de altíssima rentabilidade.


Observe caro leitor, que ao irmos aos supermercados locais é possível vermos um conjunto de produtos que poderiam terem sidos desenvolvidos no Acre. Mas não foram! Como explicar que os supermercados vendem tapioca produzida no Paraná? Ou iogurte de açaí produzido em Minas Gerais? Ou suco de graviola produzido em São Paulo? Eis aí uma grande oportunidade para o desenvolvimento do agronegócio acriano.


Devemos produzir conhecimento que nos permita entrar em mercados que não exijam escala de produção planetária e sim incorporação de inovação que nos permitam sermos diferentes em qualidade, incorporação de serviços ambientais, redução das desigualdades intra-regional e inter-regional. É preciso vender mais que um produto, é preciso vender um conceito de desenvolvimento.


Como forma de exemplificar, destaco os biscoitos de Cruzeiro do Sul. Este produto precisa incorporar um conjunto de inovações para que seja possível alcançar mercados extra Acre.

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Uma política forte e eficaz de ciência e tecnologia que estimule o agronegócio é condição necessária para o desenvolvimento do agronegócio no Acre. É preciso conquistar novos mercados, é preciso ousar para se desenvolver e além disso, cabe ao estado promover o ambiente institucional necessário para o desenvolvimento do agronegócio. E nunca devemos esquecer que somente variáveis reais impactam em variáveis reais e ciência e tecnologia são uma variáveis reais e o PIB real, também é uma variável real.


Rubicleis Silva – Doutor em Economia com pós-doutorado na FGV/SP e Professor de economia da UFAC.


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