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“Depois de 31 anos de trabalho me mandaram embora sem um real no bolso”, diz ex-sonoplasta da Difusora

Por
Leônidas Badaró

Era dia 14 de julho de 1987 quando Antônia Maria César de Oliveira, então com apenas 17 anos, pisava pela primeira vez na Rádio Difusora Acreana. O trabalho era a realização de um sonho. Afinal, Toinha Oliveira, como é conhecida entre os amigos e ouvintes da Voz da Selva, começava a trabalhar na maior rádio do Acre, ao lado de comunicadores que estão eternizados na história da comunicação acreana como J. Conde, Nivaldo Paiva, João Nascimento, Campos Pereira e tantos outros.


Em 2019, a sonoplasta completaria 32 anos de Difusora. Completaria se não tivesse sido dispensada pela Secretaria de Comunicação que alegou falta de CEC para nomear Toinha, que mesmo tendo mais de três décadas de trabalho nunca foi efetivada como servidora pública. “Eu estava trabalhando normalmente, inclusive, já tinha trabalhado todo o mês de janeiro quando o Gleison, que é do administrativo da Secretaria de Comunicação, me disse que eu poderia ir pra casa porque o governo não tinha CEC para me nomear”. A servidora era nomeada na gestão passada em uma CEC 2, equivalente a 1,8 mil reais líquido.


Emocionada, ela conta que tem certeza que depois de 31 anos como sonoplasta na emissora pública vai ter dificuldades de se recolocar no mercado de trabalho. “Eu não sei fazer outra coisa na minha vida. Aliás, eu vivi muito mais na Difusora do que na minha casa todos esses anos. Vi a rádio passar por muitos momentos e nunca pensei que fosse ser mandada embora desse jeito”, afirma.



Toinha Oliveira diz que se encontra em dificuldades financeiras e, por isso, não tem conseguido honrar com o pagamento de suas contas. Ela alega que não recebeu o mês trabalhado de janeiro, não recebeu as verbas rescisórias e a metade do 13º que não foram pagos pelo governo passado, mas que agora são de responsabilidade da nova gestão. “Me encontro em uma situação bem difícil. Não recebi janeiro e tenho ainda pra receber as minhas verbas e o resto do meu décimo. Ninguém diz nada sobre quando vão me pagar. É uma coisa triste não poder pagar as contas”, diz.


Procurada pela nossa reportagem, a Secretária Estadual de Comunicação, Silvânia Pinheiro, disse sentir muito pela ex-servidora, mas que o problema não foi criado na sua gestão. “Tem alguns pontos em relação a esse assunto que precisam ser esclarecidos. Essa situação não foi criada por mim, nem pelo governador Gladson Cameli. É um problema que se arrasta há muito anos. Acho que ela tem que procurar os seus direitos, mas não posso manter uma pessoa trabalhando, sem ter como pagar seu salário. Isso seria covardia e alimentar uma esperança que, por enquanto, não existe”.


A gestora da comunicação estadual se refere a uma medida judicial que Toinha Oliveira entrou contra o Estado para ser reconhecida como servidora pública, já que ingressou na Rádio Difusora Acreana antes de 1988, como esclarece o advogado Rodrigo Mafra, que representa Toinha Oliveira. “Essa ação foi deferida em primeiro grau. Conseguimos provar que nas gestões passadas, servidores que entraram na Difusora depois da Antônia foram efetivados e ela não. Essa situação foi passando de governo pra governo desde Flaviano Melo. O Governo do Acre conseguiu remeter o processo para o segundo grau e nós perdemos. A situação, para todos os efeitos, é muito injusta. Todos os governos agiram de muita covardia na condução desse processo. A grande verdade é que a Antonia vive uma situação de penúria muito grande. Vamos recorrer aos ministros do Superior Tribunal de Justiça para que consigamos esse reconhecimento em outro grau”.


Em relação ao mês de janeiro trabalhado, mas que não foi remunerado, Silvânia Pinheiro explicou que a decisão foi da própria ex-servidora. “O que o diretor da emissora me passou é que como ela acredita que vai ter uma decisão favorável na ação judicial decidiu seguir trabalhando, mas em nenhum momento a Secom prometeu pagar ninguém da Difusora em janeiro, já que ninguém foi convocado pra trabalhar, a não ser os servidores efetivos”.


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Leônidas Badaró

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