Luiz Calixto
Minha intenção não é meter o bedelho na discussão entre quem gosta e quem não gosta de carnaval, até porque dispenso o mesmo respeito e tratamento tanto a quem prefere o Dorflex quanto aos que fazem a opção pela Netflix.
O batuque é outro: a ex-deputada Eliane Sinhasique, atual secretária de Turismo e Empreendedorismo, perdeu uma chance de ouro de passar uma mensagem positiva, resiliente e incentivadora para aqueles que desejam “empreender” no Acre, montar seu próprio negócio e gerar renda para se livrar das garras do empreguismo governo.
Nesse episódio do carnaval, ainda que estivesse completamente errada ao escolher unilateralmente o local onde pretendia realizar o “piseiro” de arlequins, pierrôs, colombinas e pés inchados, a secretária de Empreendedorismo escolheu o caminho mais fácil: a desistência.
Exceto para aqueles que vivem permanentemente com a viseira eleitoral e, portanto, em tudo, só conseguem enxergar a disputa político-partidária, ficou evidente que a “pequena” diminuiu ao tentar sair pela culatra como vítima.
Ora, até as crianças do Maternal do Menino Jesus sabem que intervenções em ruas e no trânsito, especialmente quando se trata do único corredor de ônibus da cidade, devem ter o “ok” da prefeitura.
Deixando de lado a festa e focando nos empregos e negócios que nossa secretaria falava que o evento criaria durante a quadra, a “desistência” foi o pior exemplo dado por quem pretende e tem como objetivo ensinar pessoas a caminhar com as próprias pernas.
Desistir é quase sinônimo de fracasso.
Alguns milhões de reais já foram desperdiçados em pequenos negócios. O Fundo de Aval, a distribuição de maquinas equipamentos e tantos outros programas não floresceram porque os beneficiários desistiram no primeiro obstáculo.
Se desistir sempre fosse a primeira opção muita gente não se levantaria sequer da cama.
Empreender significa tentar, realizar, enfrentar, desafiar.
Ainda que tenha escolhido o caminho errado da autossuficiência, a secretária jamais poderia ter recolhido a bandeira. Outros locais e outras opções deveriam ter sido consideradas. Afinal, Rio Branco tem dezenas de locais onde poderiam ser montados um palco e dezenas barracas para vender “birita”.
Imaginem quantos pequenos negócios sobreviveriam no Brasil se na primeira pedra encontrada no caminho o empreendedor desistisse? Nenhum.
O Brasil é o país que mais dificulta o nascimento e o sucesso de um empreendimento. São dezenas de autorizações, alvarás e licenças.
De cada 10 empresas constituídas seis ficam pelo meio do caminho.
Diante de tanta papelada, desistir é uma opção sempre considerada.
A secretária se sairia bem melhor na “ fita” se admitisse o equívoco, acionasse o plano “B” e organizasse o carnaval em outro espaço e, como fala pelos cotovelos, aproveitasse um dos intervalo das bandas para usar aquilo que tem de melhor: sua oratória para dizer que o sucesso e a prosperidade são inimigos mortais da desistência.
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