Um dos principais discursos para demonstrar o sucesso da saúde pública do Acre nas duas gestões do ex-governador Sebastião Viana era a política de transplantes realizados no Hospital das Clínicas (HC) de Rio Branco.
O fato do Acre, durante muitos anos, ser o único estado da Região Norte a fazer transplantes de fígado e ter sido, proporcionalmente, um dos que mais fazia o procedimento no país, sempre foi motivo de orgulho para o antigo governo.
Até hoje, o estado já realizou mais de 300 transplantes, sendo 43 de fígado, além de 91 transplantes de rim e 210 de córneas, totalizando 344 procedimentos.
Mas, se sobrou publicidade, faltou pagamento. Pelo menos, essa é justificativa da atual gestão da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) para que, até mais da metade de fevereiro o Acre não tenha realizado nenhum transplante em 2019.
A crise na Central de Transplantes do Acre não é novidade. No ano passado, praticamente não foram realizados procedimentos de rins, já que o governo não dispunha de medicamentos que são necessários para evitar a rejeição ao órgão transplantado.
Segundo a atual gestão da Sesacre, o programa de transplantes não está suspenso, já que é uma habilitação do Ministério da Saúde, mas por conta das pendências financeiras com as equipes médicas que fazem os procedimentos e a falta de insumos e medicamentos para a realização das cirurgias ainda não há previsão para que os transplantes sejam retomados no Acre.
“Embora esses problemas com débitos e falta de medicamentos na Central de Transplantes tenham sido deixados pela gestão passada, estamos trabalhando e envidando esforços para que os transplantes possam voltar a atender o mais breve possível e salvar muitas vidas em nosso Estado”, é o que afirma Alysson Bestene, Secretário Estadual de Saúde.
Apesar de afirmar que o objetivo é retornar com os procedimentos o mais rápido possível, a Secretaria de Saúde ainda não anunciou quem vai coordenar a Central de Transplantes do Acre. Circula, inclusive, nos corredores da Sesacre, a informação de que há a possibilidade de Regiane Ferrari, que coordenou a entidade ao longo dos últimos anos, ser mantida no cargo.
O valor total das dívidas da Central de Transplantes ainda é uma incógnita para a própria Sesacre que ainda faz o levantamento do montante.
Suspeita-se que um dos principais credores seja o médico Tércio Genzini, uma das maiores autoridades do Brasil na questão das doenças hepáticas e responsável pela implantação dos transplantes de fígado no Acre. Procurado pela nossa equipe de reportagem, o médico preferiu não se pronunciar.
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