Falta de boa vontade não foi. O governador Gladson Cameli e o vice-governador Major Rocha estiveram presentes na tarde desta segunda-feira, 11, no Complexo Industrial da empresa Peixes da Amazônia para uma visita técnica com a comitiva liderada pelo vice-governador de Rondônia, Zé Jodan. Na oportunidade, empresários e até mesmo próprio governador enalteceram a moderna planta de piscicultura que a empresa detém, apesar de está com suas atividades suspensas desde dezembro do ano passado e recentemente ter protocolado um pedido de recuperação judicial.
Aos presentes, o chefe do Palácio Rio Branco enfatizou que a intenção de seu governo é repassar o controle total da empresa, que já teve investimento superiores a R$ 80 milhões, desde a sua criação, para o comando total da iniciativa privada. “O que eu quero é que gere emprego, que gere renda. Então, quem quiser vir investir aqui no Estado, quem quiser trabalhar aqui, como diz um famoso ditado popular, é a fome com a vontade de comer. Aqui tem espaço para todo mundo. Façam propostas que eu coloco para minha equipe econômica, o jurídico, para que seja competitivo com os demais”, disse Cameli demonstrando entusiasmo para os empresários locais e rondonienses.
Cameli reiterou que não tem dúvida que 2019 será um ano bem melhor do o ano passado para o Estado. “Não tenho dúvida que a economia no final do ano vai responder de maneira positiva. As reformas que o país precisam para passar credibilidade para o mercado externo, vão ser aprovadas. Eu tô indo para a Brasília com o pires na mão para renegociar, para empurrar as dívidas. O que eu quero é incentivar a iniciativa privada para que esse Estado possa alavancar. O que eu puder fazer para ajudar, eu vou fazer. Eu não atrapalhar. Eu quero é construir pontes e não derrubá-las”, frisou.
Endossando o discurso de Gladson, o pecuarista Jorge Moura, que recentemente ganhou as manchetes dos jornais por ser um dos grandes apostadores no cultivo de soja no Estado, disse que a classe ainda não está acostumada com toda essa liberdade que o governo está dando para o produtor. “A gente até hoje ainda não se acostumou com essa liberdade que vocês nos tão dando, de eu te ligar, de eu falar, Gladson, pô, tá acontecendo isso, tem como ver isso pra mim. Eu tô maravilhado, radiante aqui porque até pouco tempo meu amigo chegava e dizia aqui, tem que plantar pinha para fazer lenha para o JBS, para fazer lenha para Dom Porquito. Tem que plantar eucalipto. Para a Dom Porquito eu quero mandar é milho. Eu quero plantar. Eu tô torcendo. Eu tinha medo de dizer isso. Até pouco tempo ficavam incentivando a cuidar de peixe, plantar açaí, plantar seringueira. Ai eu lembro da fiscalização que teve lá no Amazonas, um monte de caminhonete da Polícia Federal, Ministério Público, Ministério do Trabalho e diabo a quatro. Policial Federal armado com metralhadora botando os trabalhadores para correr. Daqui a pouco vão criar uma lei dizendo que peão não pode mais mergulhar no açude para pegar o peixe”, brincou Moura ao tirar gargalhadas dos presentes.
O Diretor de Operações da Peixes da Amazônia, Inácio Moreira, falou das vantagens de se investir no empreendimento e da modernidade do complexo de piscicultura. “O Acre tem uma planta industrial de peixe moderna. Vocês de Rondônia tem matéria prima lá, nós podemos fazer uma grande parceria. Essa aproximação do governador Gladson, abrindo a agenda dele, nós sabemos que a agenda de Rondônia é muito agressiva. O governo está nos estamos abrindo as possibilidades. O que o governador colocou é que jamais deixará que a Peixes da Amazônia feche as portas, mas o que ele quer é que a iniciativa privada tome conta, ou seja, os sócios privados coloque recurso aqui, ganhem muito dinheiro porque o governo quer cuidar de setores que são prioridade que é saúde, segurança e educação. Isso é uma carta aberta para vocês que são investidores. O PIB do País vai crescer, as terras vão ficar valorizadas e o momento de se fazer grandes negócios é esse”, frisou o especialista.
A visita técnica caminhava eufórica com discursos inflamados no Complexo, até que Inácio falou sem citar nomes , que manchetes de jornais atrapalham o negócio devido a intervenções políticas. “Essa sua visita governador é muito importante porque muitas vezes as pessoas apelam para a política pequena. Começam a colocar em manchetes os negócios desses sócios aqui que botaram a mão no bolso , colocaram R$ 20 milhões aqui dentro, que é muito dinheiro, são homens empreendedores do Acre, que tiveram coragem de colocar dinheiro nessa planta e não merecem as vezes, por uma questão política de partido A ou B, ser manchete em alguns jornais, porque quando a gente vai fazer negócio, seja na soja, seja no peixe, quem tá fazendo o negócio coloca o rapaz lá para pesquisar no google e ai vê todas as manchetes. Se tiver alguma manchete negativa sobre a soja aqui, já dificulta fazer negócio. A gente acha que política é importante, mas é importante nesse sentido, que o senhor [Gladson] tá querendo usar. O senhor já falou para mim que já ligou para aquele Grupo que está querendo investir aqui. Tô a disposição para ir lá ou para eles virem aqui. E isso para nós é melhor do que o governo botar dinheiro aqui dentro. Atrair investimentos ou para criar peixe, ou para plantar milho ou para plantar soja, isso aquece a economia e vai gerar emprego aqui para a gente”, desabafou.
Incomodado com as declarações do Diretor de Operações, o empresário Jarbas Soster, um dos fornecedores da Peixes da Amazônia que tem milhões de reais a receber, colocou mais uma pitada de pimenta no debate ao afirmar que faria alguma colocações inoportunas, ao se referir a presença da comitiva de Rondônia e o vice-governador Zé Jodan.
“Eu quero falar governador que para ter manchete boa, a imprensa tem que fazer uma gestão com responsabilidade. Eu como fornecedor da Peixes da Amazônia, que tenho valores a tratar e receber da empresa, gostaria de fazer uma pequena menção aqui que não é oportuna para o momento para um governo que quer fazer a boa política. Não foi o que aconteceu no governo passado. Eu sou um crítico e declaro isso aqui, mas em função que havia um interferência política na Peixes da Amazônia, isso é fato”, criticou o empresário, que virou o centro da atenções e despertou olhares de incômodo de alguns presentes. Gladson e Rocha acompanharam tudo atentamente e não se intrometeram. Inácio não gostou nenhum pouco da colocação de Jarbas.
Pouco se importando com o clima tenso, Jarbas lembrou do ex-diretor-presidente da Peixes da Amazônia, e enfatizou que sua escolha não foi técnica, mas sim política. “A nomeação do Fabio Vaz para a Peixes da Amazônia foi uma indicação política, me desculpem está falando isso agora. Mas eu creio que muito dos problemas da Peixes da Amazônia tem a ver com a gestão passada. Se o governo passado tivesse feito o que tá se propondo para hoje, e que não houvesse interferência política na empresa, talvez ela tivesse conseguido romper algumas dificuldades”, frisou.
Diante de pretensos investidores, Jarbas acusou a empresa de desmontar o sistema de produção do Acre. “Ela dizimou os principais produtores de peixes do Acre, ela consumiu produtos e não pagou. Então eu acho que agora nesse momento não é hora de fazer crítica porque a Peixes da Amazônia está com o seu nome em alguns meios de comunicação , o momento agora é de resolver o que foi errado para trás, e o governo tá fazendo a parte dele que levar os empresários para daqui para frente conduzir o negócio. Então, para não ser manchete, é importante que o governo não faça como fez o passado”, disse.
Ao final da apresentação, todos os presentes foram convidados para registrar uma foto oficial como se nada tivesse acontecido.