Esse texto não é novo. Aliás, é 2012 e, portanto, até carecia de uma atualização, mas como cabe bem no contexto atual, compartilho com vocês sem modificações.
Boa quarta-feira!!
Em uma longa e estimulante conversa com um amigo – via mensagens no smartphone – escrevo: “sua vida, sua escolha. Como diz a música do Abba, o vencedor leva tudo”. Recebo de volta uma resposta imediata: “Atacar de The Winner Takes It All é pegar pesado…. sabe nem brincar…”, ao que respondi de volta: “essa música está no meu top five para nunca esquecer que amar dói. E peguei leve…” De novo o plim da resposta chega rápido: “A gente solta um track e ela manda uma ogiva nuclear…”
Fiquei pensando nisso. Não só na conversa com um amigo que adoro, mas no track e na ogiva. Na maioria das vezes pego leve quando converso com amigos (inclusive nas DR’s). Pelo menos eu achava, né?? Agora tenho dúvidas…
Processando a informação, recorri ao pai dos burros da era tecnológica para pegar as traduções da música, por pura preguiça de ir atrás de um arquivo antigo. Li e reli a letra. Transcrevo na íntegra para que vocês entendam melhor – se é que é possível – o seu significado.
O Vencedor Leva Tudo
Eu não quero conversar,
Sobre as coisas que nós passamos
Embora isso me machuque,
Agora é passado
Eu joguei todas as minhas cartas,
E foi o que você fez também
Não há mais nada a dizer,
Nenhum ás a mais a jogar
O vencedor leva tudo,
O perdedor fica menor
Além de uma vitória,
Isso é um destino
Eu estava em seus braços,
Achando que ali era o meu lugar
Eu achava que fazia sentido,
Construindo-me uma cerca
Construindo-me um lar
Achando que seria forte lá
Mas fui uma tola,
Jogando conforme as regras
Os deuses podem jogar um dado,
Suas mentes são tão frias quanto gelo
E alguém bem aqui embaixo,
Perde alguém querido
O vencedor leva tudo,
O perdedor tem que cair
É simples e está claro,
Por que eu deveria lamentar?
Mas diga-me se ela beija,
Como eu costumava te beijar?
Mas diga-me se é a mesma coisa,
Quando ela o chama?
Em algum lugar bem profundo,
Você deve saber que eu sinto a sua falta
Mas o que eu posso dizer?
As regras tem de ser obedecidas
Os juízes decidirão,
As coisas boas da minha vida,
Os espectadores do espetáculo,
Sempre ficam quietos
O jogo começa de novo,
Um amigo ou amante?
Uma pequena ou uma grande coisa?
O vencedor leva tudo
Eu não quero conversar,
Se isso te deixa triste
E eu entendo,
Você veio me dar um aperto de mão
Peço desculpas,
Se isso faz você se sentir mal
Ao me ver tão tensa
Sem auto-confiança,
Mas você compreende
O vencedor leva tudo…
O vencedor leva tudo…
Assim, o vencedor …
Leva tudo …
E o perdedor …
Tem que cair …
Caindo …
Frio como gelo …
Não pode ser …
Alguém fraco …
Leva tudo …
Tem que cair …
Sim, é a chuva ….
Por que reclamar …
Preciso reconhecer: o texto é pesado quando você o relaciona com sentimentos arraigados. Todo mundo já viveu uma dor de amor. Todo mundo em um determinado momento da vida vai passar – se não passou – por isso. Faz parte do ciclo da vida. Mas, quando você joga os dados na cara do sujeito não é fácil para quem recebe achar que é “apenas um comentário frugal”. Não é. Jamais será. Por isso acho que devo um pedido de desculpas (I apologize) a um amigo. E Preciso fazer isso do jeito certo. Como? Pegando mais leve nas próximas conversas. Pelo menos eu vou tentar. Já é um bom começo.
Em um mundo cada vez mais plano, com relações egoístas, onde as prioridades são estabelecidas no “primeiro eu, segundo eu, terceiro eu”, respeitar as diferenças, aceitar o outro como ele é, com suas falhas e sensibilidades é uma arte para poucos. Navegar é preciso, mas o mar nem sempre nos é favorável. E o grande exercício é navegar em águas plácidas levando sempre em conta a sensibilidade do outro, sem deixar de considerar suas próprias necessidades. Não é fácil. Como diz Ed Rene Kivitz: “pensar dói”. E amar dói, também. Não falo dos amores físicos (amor Eros). Refiro-me ao amor em essência que pressupõe o respeito, o cuidar, o bem-querer, as querências e essências, o amor ao teu próximo. O amor que não se mede. E no mundo dos amores possíveis, conviver é subir na corda na bamba e escolher o personagem: o bêbado ou o equilibrista.
Como não sou boa em equilíbrio, fica ainda mais difícil. Mas tento. E vou seguir tentando na esperança de que um track seja só um track e não se transforme numa ogiva. Construindo e não destruindo pontes. Derrubando e não erguendo muros. Porque acima das minhas vontades e o que penso, o que deve prevalecer é a decisão do outro. E dos outros. Sua vida, sua escolha. Minha vida, minha escolha. Meu mundo minhas regras ( diga oi, Olívia Pope!). O vencedor, nesse caso, nem sempre leva tudo. Game over!
Carinhos meus,
Charlene
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