Jorge Viana
Algumas pessoas não entenderam porque o Governo da Floresta, que iniciamos há 20 anos, colocou como questão estratégica a valorização dos povos indígenas. Ainda hoje tenho que explicar, com paciência, que a mudança na relação do Estado com esses povos tinha como fundamento o resgate de uma dívida histórica, uma questão de justiça e, para completar, uma visão de futuro para a nossa sociedade.
As políticas públicas do Acre passaram a ser pautadas pelo reconhecimento da importância e da beleza de nossas diversas culturas indígenas, assim como de suas necessidades urgentes. Ajudamos o governo federal a resolver questões fundiárias, de reconhecimento e demarcação das terras, apoiamos os projetos de desenvolvimento econômico e social, orientamos o Zoneamento Ecológico e Econômico para situar projetos adequados no entorno das terras e aldeias, enfim, colocamos os povos indígenas no centro de nossas decisões estratégicas.
Reconhecemos e ampliamos o importante trabalho de educação desenvolvido por organizações civis, especialmente a Comissão Pró-Índio e as próprias organizações indígenas. Para completar, ajudamos a mudar as relações da sociedade acreana com os índios com a realização dos Encontros de Culturas Indígenas, ajudando-os a mostrar seus conhecimentos, sua espiritualidade, artesanato, música, vestimentas, culinária. Esse trabalho deu excelentes resultados.
Hoje, os Ashaninka, Yawanawa, Huni Kuin, Puyanawa, Shanenawa, entre outros, realizam seus Festivais de Cultura em suas próprias aldeias e recebem visitantes de várias partes do mundo. Muitas lideranças indígenas ganharam reconhecimento internacional e participam de reuniões e eventos em város países nas negociações internacionais sobre Meio Ambiente, Direitos Humanos e Mudanças Climáticas.
Uma geração de jovens indígenas chegou à universidade e já começam a surgir mestres e doutores em várias áreas do conhecimento, além de professores, pesquisadores, artistas, técnicos agroflorestais e uma variedade de profissões em que muitos índios já se destacam. Sem falar nas lideranças políticas, especialmente com a eleição de vereadores, vice-prefeitos e até prefeitos nesses vinte anos.
E o que ganham com isso os acreanos não-índios? Primeiro, ganham um apoio internacional importante para os projetos de desenvolvimento que se mostrarem criativos e sustentáveis. Segundo, ganham aliados importantes entre os cientistas, pesquisadores, desenvolvedores de novas tecnologias e conhecimentos em escala mundial. E podemos continuar numerando: turismo, emprego e renda nos municípios, conhecimentos em biodiversidade, fármacos, cosméticos, incontáveis possibilidades para a indústria, sem falar da proteção ao meio ambiente e a segurança que as aldeias dão às fronteiras colaborando no combate ao tráfico e impedindo o saque das nossas riquezas.
Fico muito preocupado com as novas ameaças de retrocesso no relacionamento do Estado brasileiro com os povos indígenas. E penso que o Acre deve se posicionar, mostrando sua experiência positiva e as vantagens que o Brasil tem com a presença desses povos ancestrais em seu território.
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