Em 2012 o estacionamento da Arena da Floresta, no Segundo Distrito de Rio Branco, foi tomado não por carros e motos de torcedores ávidos por assistir a algum clássico do Campeonato Acreano. Naquela ocasião, o local estava abarrotado de tratores, retroescavadeiras, colheitadeiras, picapes traçadas entre outros equipamentos que prometiam fazer do Acre a nova fronteira agrícola do país.
Passados oito anos desde então, todo este maquinário – avaliado à época em R$ 36 milhões – desapareceu. É o que aponta relatório produzido pela equipe do novo governo que assumiu no último dia 1º. Tanto as equipes do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre) quanto da Secretaria de Agricultura não sabem onde todos estes gigantes de alto valor no mercado foram parar.
Há relatos de sucateamento e deterioração, com o furto de peças que chegam a custar mais de R$ 100 mil. Outra constatação é que alguns estão encostados em propriedades privadas, sofrendo com a ação do sol e da chuva.
Equipamentos entregues há quase dois anos em solenidade em frente ao Palácio Rio Branco com a promessa de beneficiar o setor rural também estão com o paradeiro desconhecido.
Somente este investimento teve um custo de R$ 5 milhões bancados por meio de emenda parlamentar, recursos próprios e financiamento do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento Agricultura Familiar), gerenciado pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Na ocasião, o governo afirmava que o maquinário não era de propriedade do estado, mas dos produtores rurais dos 22 municípios. Edital publicado previa que os interessados em operar um dos equipamentos em suas propriedades deveriam preencher um formulário na Secretaria de Agricultura.
Os beneficiados, segundo a regra, teriam que dar uma contrapartida ao Fundo Agropecuário Estadual (Funagro). A então gestão petista dizia que os recursos seriam usados para a manutenção dos serviços e o fomento da política de desenvolvimento rural do Acre. Os agricultores também deveriam arcar com os custos do combustível.
O governo Sebastião Viana afirma ter investido, entre 2011 e 2017, R$ 500 milhões no setor agropecuário. Deste montante, R$ 144 milhões são do Pronaf. Com a derrocada da chamada florestania, que quase resultou na derrota eleitoral dos petistas em 2010, Sebastião decidiu fazer do setor rural uma de suas principais bandeiras.
Apesar disso, muitos dos investimentos que teve o governo como acionista estão à beira da falência. A falta de planejamento na execução destas políticas, mais a ausência de assistência técnica aos produtores, são apontadas como os principais motivos para o fracasso do governo de Sebastião Viana no campo.