O cargo de primeiro secretário da Assembleia do Acre (ALEAC) é o segundo na hierarquia da Casa. E representa a gestão de quase R$ 200 milhões por ano. Resumindo é uma “bocada política” e tanto para qualquer partido. O primeiro secretário da mesa diretora é uma espécie de prefeito que assina junto com o presidente os pagamentos da ALEAC. Assim, com a presidência praticamente resolvida, que deverá ser ocupada pelo deputado estadual Nicolau Júnior (Progressistas), na próxima legislatura, sobra o atraente cargo de secretário. Os dois deputados estaduais que estão na disputa pela posição de destaque no Legislativo acreano, Luiz Gonzaga (PSDB) e Roberto Duarte (MDB), estão em plena campanha. Por trás os interesses partidários. Analisando uma e outra candidatura temos os seguintes elementos: Gonzaga tem mais experiência por estar no seu quinto mandato e Duarte no primeiro. Por outro lado, o MDB tem três deputados eleitos enquanto o PSDB só dois. O tucano é da região do Juruá, de onde vieram o governador Gladson Cameli (Progressistas) e o provável presidente Nicolau. Já o medebista tem base eleitoral forte na Capital onde teve atuação destacada como vereador. Esses são os prós e contras de cada um. Até se chegar a um consenso ou a uma disputa no voto muitas batalhas de bastidores acontecerão.
Fogo cerrado
O deputado eleito Roberto Duarte teve uma foto sua conversando com o colega de parlamento Edvaldo Magalhães (PC do B) divulgada nas redes sociais. A mensagem de quem divulgou seria de uma “aproximação” do medebista com setores da FPA. Roberto rebateu dizendo que não tem nada a esconder e que dialogava justamente para conseguir os votos para ser secretário da ALEAC.
Alegação
Roberto me disse que a divulgação da foto veio por parte de militantes do PSDB. Segundo ele, o objetivo era desgastar a sua imagem política. Ainda que, na minha opinião, o encontro de dois parlamentares de orientações ideológicas distintas conversando não queira dizer nada. Afinal, a Assembleia é a casa do debate e do diálogo.
Super Zen
Agora, uma coisa tenho certeza, essa ação não deve ter tido as digitais do Luiz Gonzaga. Mesmo porque a sua atuação política é bem tranquila. Gonzaguinha tem uma espiritualidade latente como membro da União do Vegetal e meditador de linhas orientais. Não é do tipo de ir pro confronto.
Caça às bruxas
Quem deve alguma coisa deve pagar conforme a ação da Justiça. Mas tenho percebido uma tentativa por parte de setores políticos acreanos de desencadearem uma verdadeira “caça às bruxas” ideológica. A democracia só funciona com o contraditório. Se não houver oposição estaremos numa ditadura. E nesse regime autoritário cessam os diálogos e a livre escolha da população dos seus representantes. Até mesmo os direitos políticos de quem está promovendo a “Inquisição”.
Pressão
Também o governador Gladson Camei tem sofrido pressão dos aliados políticos para não nomear ninguém que teve algum vinculo com partidos de esquerda. E ele já orientou os seus secretários para darem preferência aos atuais políticos alinhados.
Devagar com o andor
Acho natural que o novo Governo coloque em posições chaves os militantes da ex-oposição que agora é situação. No entanto, é preciso um cuidado fundamental para não repetir o erro das gestões petistas. Não pode haver perseguição. Se isso acontecer teremos a repetição de um sistema de Governo que terminará de maneira trágica como todos vimos com a última gestão do PT.
Democrata
Gladson tem perfil de democrata. Não acredito que vá pegar pilha dos aliados políticos para desencadear uma caça bruxa no Estado. Tem que investigar, apurar, punir e jogar na mídia “malfeitos” das gestões anteriores. Mas não “perseguir” adversários políticos. Isso seria um erro fatal.
Valente
Algumas pessoas ligadas a partidos alinhados ao novo Governo foram na prefeitura da Brasiléia para pegarem máquinas que estavam emprestadas. Isso sem nenhum tipo de documentação ou ordem do governador. Tomaram uma “carreira” da prefeita Fernanda Hassem (PT) que não entregou os equipamentos. Ela argumentou: “Isso é coisa que está ao nível de conversa entre o governador e a prefeita. E não de qualquer um que se ache o dono do poder”.
Engano
Alguns aliados do novo Governo acham que simplesmente por estarem filiados em partidos que deram apoio à sua eleição podem fazer o que quiserem. Mas não é bem assim que a banda toca. Primeiro que estão passando por cima da autoridade do próprio governador. Segundo que a gestão é pública e deve beneficiar toda a população do Acre indiferente das opções partidárias. Vamos com calma minha gente.
Diálogo essencial
Vou dar um exemplo de como a excessiva politização partidária do Governo do Estado pode prejudicar os moradores do Acre que não têm nada a ver com essas brigas. As seguidas gestões da prefeitura de Cruzeiro do Sul ficaram a “pão e água” nos tempos do PT. Nos últimos 20 anos nem mesmo a necessária diplomacia política funcionou. E quem saiu mais prejudicada? Obviamente que a população do município. Por outro lado, politicamente, esse isolamento da prefeitura de Cruzeiro também não funcionou. Tanto que o PT e a FPA nunca conseguiram eleger um prefeito no município.
Vale quanto pesa
Não acredito que a gestão de Gladson Cameli terminará com os mesmo aliados políticos que o ajudaram a se eleger. As disputas internas são naturais e haverá descontentamentos. Isso poderá provocar o surgimento de novos grupos políticos no Acre para disputar o poder. O que considero bom para a nossa democracia. No entanto, o que vai valer para o novo gestor do Estado, politicamente falando, é o resultado do seu trabalho. Se a criança nascer bonita surgirão novos pretendentes a pai, mas se for feia muitos se afastarão. A matemática política contém os resultados de uma gestão. Simples assim.
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