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História não contada: birra de fazendeiro produziu a curva mais fatal de Rio Branco

As origens da Vila Acre passam por uma curva. Elas não são totalmente esclarecidas, mas o historiador Marcos Vinicius Neves tem uma boa tese. Para muitos, é algo surpreendente saber que se demorava um dia para se chegar à Vila Acre desde o Centro de Rio Branco durante a abertura da Rodovia AC-40, na época chamada de Estrada de Plácido porque o objetivo da via era ligar a capital a Vila de Plácido de Castro passando pela Vila Grande Quinary, hoje
Senador Guiomard.


A integração dos rios Acre e Abunã talvez fosse o grande objetivo, uma vez que se tratava de duas rotas comerciais das mais importantes para o contexto econômico-social da época.


De tão longa a viagem até Quinary que a Vila Acre, no Seringal Itucumã, tornou-se ponto de pernoite. Ali os viajantes se alimentavam, descansavam e se preparavam para a continuidade da epopeia – sim, era uma verdadeira epopeia viajar na AC-40 naquele tempo que a estrada estava sendo construída lá pelos idos de 1940/50.


“Saindo da Villa Rio Branco, no tempo das chuvas, era preciso andar o dia inteiro pra passar do Seringal Itucumã (onde hoje é a Vila Acre). O varadouro tinha pretensão de estrada, mas afundava sob os pés de homens ou animais”, relata Marcos Vinicius no artigo “A curva inexistível”, que fala sobre a criação (ou invenção) da Curva do Tucumã. O artigo foi publicado em 2014 mas seu conteúdo está mais atual do que nunca.


Segundo do historiador, a construção da estrada foi uma “verdadeira obra de heróis”. “As dificuldades eram imensas. Abater árvores gigantescas que se erguiam no caminho até que não era nada se comparado ao trabalho insano de arrancar as raízes das árvores derrubadas. Mas, mesmo contando apenas com chibancas e enxadecos contra as enormes raízes amazônicas, os homens eram valentes e avançavam”.


O conhecido Dr. Godwasser, engenheiro responsável pela estrada, era um sujeito muito determinado e a fez avançar no rumo da Vila Plácido de Castro. Segundo a história, foram muitos verões de trabalho extremamente pesado, seguidos de mais trabalho ainda pra reconstruir o que o pesado inverno amazônico destruía regulamente. Mas a Vila Quinari seguia crescendo e cada vez mais pessoas apareciam para fincar moradia. “Seu nome, segundo os moradores mais antigos, está associado à uma árvore denominada Quinaquina, que havia em abundância no município e de cujas raízes se faz chá para curar febres e várias doenças. Há, porém, questionamentos a essa referência, pois para alguns historiadores a origem do nome Quinari é indígena, já que no passado a área era habitada por índios”, informa o portal Quinari.


Muito antes do Quinari, a curva do Tucumã não existia naquele tempo mas como o dono das terras decidiu que a linha da estrada não seria reta -mesmo com os apelos do engenheiro e das autoridades de Rio Branco – decidiram por fazer uma curva. Essa mesma que se chamaria Curva do Itucumã ́e na sequência Curva do Tucumã. Durante a duplicação da rodovia AC 40 no mandato do governador Binho Marques, a curvatura da Curva do Tucumã, região de muitos acidentes fatais, foi bastante reduzida e os problemas de trânsito diminuíram.


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